Repórter Estrábico A cantar desde 1985

Banda comemora hoje 20 anos de carreira com um concerto retrospectivo na Casa da Música

Lá vão cantando e rindo, levados, levados sim pelo facto histórico de estarem "vivos e em actividade há já 20 anos que, vistas bem as coisas, passaram num instante". É neste tom, de efeméride, que os quatro elementos actuais do Repórter Estrábico (Luciano Barbosa, Anselmo Canha, Manuel Ribeiro e Paulo Lopes) falam quando falam do concerto desta noite na Sala 2 "da dita Casa da Música" (CdM), às 23h00. Um concerto que é um regresso a casa: porque o Porto foi a rampa de lançamento do Repórter e porque o alinhamento deve repescar temas que a banda não usa nem abusa há muito tempo. "Há duas coisas extraordinárias nesta efeméride. A primeira é a persistência: uma pessoa dar conta de que anda há 20 anos nisto e de que a luta continua. A segunda é chegar à conclusão de que, em si, as canções são mesmo boas, independentemente do formato discográfico em que foram fixadas", disse ao PÚBLICO "o líder", Luciano Barbosa.
A base do concerto desta noite será uma visita aos vários materiais que a banda foi editando desde 1985 - Uno Dos (1991), 1bigo (1994), Disco de Prata (1995), Mouse Music (1999), Requiem (2002) e Eurovisão (2003) -, mas uma visita pouco conservadora, a "puxar pelo público mais dado à dança", em que serão testadas "novas versões para os clássicos e algumas de música de discoteca". O Repórter Estrábico convida ainda o público interessado a aparecer meia hora antes do início do concerto para assistir ao documentário de Maria João Taborda sobre a banda. "A ideia também é que as pessoas apareçam mais cedo para trocarmos ideias sobre estes 20 anos", explica Barbosa.
Diferenças entre o Repórter de 1985 e o Repórter de 2005? Além das entradas e saídas - José Ferrão, António Olaio, Paula Sousa, Nuno Pires e João Bruschy são todos ex-Repórter Estrábico -, houve a tecnologia, fundamental numa banda pioneira no uso dos samplers e das caixas de ritmos em Portugal. "Quando começámos era tudo muito rudimentar, os computadores eram enormes e dificílimos de manusear. Toda a tecnologia musical evoluiu imenso, e nós com ela", nota o vocalista.
Balanço positivo, portanto, embora não tenham sido atingidos patamares de vendas e de público transcendentes: "Em relação à máquina da indústria musical, a insatisfação é completa. Poderíamos ter atingido patamares superiores, se fôssemos mais visíveis e mais colocados à disposição. Houve alturas em que chegámos a muitas casas portuguesas, mas queremos sempre mais, até porque a receptividade do público às bandas nacionais está a melhorar a olhos vistos."

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