Metade dos europeus aprendem uma língua estrangeira no 1º ciclo do ensino básico

Ensino de um novo idioma é obrigatório em todos os países, à excepção da Irlanda. Em algumas regiões espanholas pode aprender-se no pré-escolar

Bárbara Wong

Metade dos alunos europeus aprendem uma língua estrangeira no 1º ciclo do ensino básico. Em alguns dos 30 países analisados pela rede estatística europeia (Eurydice), já são ensinadas duas línguas nesta etapa da escolaridade.Os países optam sobretudo pelo ensino do inglês. E os britânicos, por seu lado, desinvestem na aprendizagem de outros idiomas, que deixaram de ser obrigatórios entre os 14 e os 16 anos.
Em Portugal, a introdução de uma língua estrangeira nos primeiros anos do ensino básico é uma opção, prevê a lei. No entanto, os programas eleitorais do PS e do PSD prometem que o inglês passará a ser obrigatório no 1º ciclo.
Segundo o estudo Eurydice, divulgado ontem, para os europeus é indiscutível a importância da aprendizagem das línguas estrangeiras. Essa preocupação reflecte-se nas reformas feitas desde 1998 em vários países da Europa central e oriental.
O ensino de um idioma estrangeiro é obrigatório em todos os países, excepto na Irlanda, onde se ensina inglês e irlandês. Conforme o Estado - foram analisadas as experiências da Europa dos Vinte e Cinco, da Bulgária, Roménia, Islândia, Noruega e Liechtenstein -, o estudo de uma língua estrangeira pode começar no 1º ou no 2º ciclo do ensino básico.
Nos últimos anos, muitos adoptaram a língua estrangeira no 1º ciclo: nalguns casos pode começar logo no 1º ano, como na Itália, Áustria e Alemanha; noutros inicia-se a meio do ciclo, aos oito anos de idade, como em Espanha, na Grécia e na Bulgária.
Em França, a partir de Setembro o currículo dos meninos do último ano de pré-escolar passa a integrar o ensino de um idioma estrangeiro. Na Estónia, Luxemburgo, Suécia e Islândia é possível aprender duas línguas estrangeiras logo no 1º ciclo.
Por toda a Europa, os jovens têm entre oito e nove anos de estudo de um ou mais idiomas. Apenas dez em cada cem alunos não aprendem nenhuma língua no 3º ciclo - é o caso dos irlandeses e dos britânicos. No Reino Unido, desde o ano passado que as línguas estrangeiras passaram a ser opcionais para os alunos entre os 14 e os 16 anos de idade. As escolas são, contudo, obrigadas a ter essa oferta disponível.
No total dos países, o número dos idiomas leccionados pode ir de um a três. Em 20 dos 30 Estados analisados, os estudantes têm de saber duas línguas durante a escolaridade obrigatória.
No 1º ciclo, o número de horas obrigatórias para leccionar uma língua varia entre as 30 e as 50 anuais. No secundário, os jovens podem ter entre 90 e 200 por ano.
As principais línguas leccionadas no ensino secundário são o inglês, seguido do francês e do alemão, espanhol e russo. O inglês é escolhido pela grande maioria dos estudantes. Já o francês é preferido pelos alunos do Sul da Europa e o alemão vence entre os países do Norte e do Leste. O russo é opção dos Estados bálticos e Bulgária. E o espanhol ganha público em França.
Muitas vezes, os países optam por criar projectos-piloto para avaliar a pertinência de introduzir a aprendizagem de uma língua mais cedo. É o que está a acontecer em Espanha e na Áustria, onde se está a trabalhar com crianças em idade pré-escolar, a partir dos três anos de idade. E no Reino Unido há dois anos que o Governo está a financiar projectos para alunos entre os sete e os 11 anos, para aprenderem um novo idioma.
No 1º ciclo, o ensino das línguas é da responsabilidade dos professores generalistas, por exemplo, dos docentes tutelares das turmas, que leccionam as outras matérias. No secundário, os professores são especialistas em línguas estrangeiras.

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