Vista Alegre vende Crisal a filial da Libbey

A Vista Alegre Atlantis (VAA) vendeu 95 por cento da Crisal, fábrica de produção automática de vidro, à Libbey Europe, um negócio que rendeu aos accionistas 17,2 milhões de euros e é apontado como sendo mais um passo do processo de reestruturação do grupo português, iniciado em 2001. Bernardo Vasconcellos e Souza, administrador da VVA, adiantou ao PÚBLICO que a Libbey Europe, filial do grupo norte-americano Libbey, pretende continuar a investir no mercado português e garante a manutenção dos 300 postos de trabalho da fábrica, situada na Marinha Grande. A Libbey, líder do mercado de cristalaria norte-americano, assumiu a totalidade da dívida financeira da Crisal-Cristalaria Automática, para a qual foi, aliás, imediatamente canalizada parte do valor da venda (10,3 milhões de euros). A VAA acordou alienar 95 por cento da Crisal - cuja produção assenta essencialmente na feitura de copos para hotelaria e lar - por 27,5 milhões de euros, valor ao qual foi então descontada a dívida da empresa. Os restantes cinco por cento serão vendidos à Libbey no prazo de até três anos, o que poderá elevar o montante global do negócio para 35 milhões de euros, refere a VAA em comunicado.
Vasconcellos e Souza afirma que a venda da Crisal foi decidida no âmbito do processo de reestruturação da VAA. O responsável admitiu ainda que a VAA não só "não tem vocação" para investir nesta área, como a produção de vidro automática "está a ser alvo de concentrações ao nível mundial", criando grupos com os quais Portugal não conseguiria competir. "A VAA irá manter o nível do volume de negócios, uma vez que continuará a vender os produtos da Crisal", adiantou Vasconcellos e Souza, acrescentando mesmo que "poderão ser estabelecidas outras parcerias com a Libbey".
O encaixe da venda da Crisal será preferencialmente aplicado na redução do passivo do grupo VAA, que se situa em torno dos 150 milhões de euros. Vasconcellos e Souza espera que a VAA reduza, no curto prazo, o passivo para metade, através do recurso ao "cash flow" gerado pelos negócios do grupo - porcelana fina, cristalaria, vidro manual, faiança e louça de forno - e eventualmente à venda de negócios fora do "core business". O grupo tem vendido alguns activos imobiliários no decorrer do processo de reestruturação, que Vasconcellos e Souza admite que estar próximo do fim.
Os investidores receberam com agrado a notícia da venda da Crisal, premiando as acções da VAA em bolsa com um ganho de 15 por cento. Anabela Campos

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