Saudação nazi de Di Canio gera grande polémica em Itália

Federação abriu inquérito e 30 mil adeptos ameaçam invadir as ruas

Passaram 24 horas sobre o escaldante "derby" romano e não se fala de outra coisa. No melhor e no pior, Di Canio foi a figura do jogo entre a Lazio e a AS Roma, na passada quinta-feira - marcou o primeiro golo do triunfo "laziale" (3-1) e ergueu o braço direito em riste a fazer lembrar a saudação nazi. A federação italiana de futebol (FIGC) já abriu um inquérito e pode suspender o jogador, que já se desculpou dizendo que "era só um festejo". Adeptos mais radicais do clube já ameaçaram invadir as ruas com 30 mil "ultras", caso o atleta seja castigado.No plano político ninguém tem poupado Paolo Di Canio depois de vistas e revistas as imagens, amplamente publicadas pelos jornais italianos de ontem e que mostram claramente o futebolista a fazer a "saudação romana", utilizada pelos seguidores do ditador fascista Benito Mussolini. Só uma excepção - Alessandra Mussolini, neta do antigo ditador e ligada a um partido de extrema direita: "Que bonita que foi aquela saudação romana. Deixou-me fascinada. Vou escrever-lhe um bilhete de agradecimento". O avançado italiano, que pertenceu ao movimento "ultra" da Lazio na juventude, já se demarcou dessas palavras: "Sou um jogador profissional e os meus festejos não têm qualquer conotação com movimentos políticos ou qualquer coisa do género, em particular com o que diz a senhora Floriani", referindo-se ao seu nome de casada.
Rocco Buttiglione, ministro italiano dos Negócios Estrangeiros, disse que o gesto foi intencional. "A saudação romana traz recordações dolorosas para muitos italianos. O desporto deve unir as pessoas, mas estes símbolos da terrível guerra civil só podem dividir", advertiu o ministro conservador. "A saudação não pode passar em branco. Dá legitimidade ao fascismo, uma assassina e tirânica ideologia. Tiro o meu chapéu ao futebolista Di Canio, mas o fascista Di Canio é uma desgraça", disse Enzo Foschi, político do centro-esquerda.
Di Canio nunca escondeu as suas filiações políticas. Mais: na sua autobiografia revelou a sua "fascinação" por Mussolini, escreveu que o ditador foi "profundamente mal interpretado" e que, "basicamente, foi um indivíduo com ética e princípios".
Este incidente veio marcar negativamente um dos "derbys" mais violentos de Itália. No ano passado, o encontro terminou com cenas de pancadaria e, esta época, foi pedido aos jogadores alguma contenção durante o jogo. Antes da cena da saudação, Di Canio havia festejado o seu golo em frente aos adeptos da AS Roma, batendo com a mão no símbolo e a gritar.

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