Câmara de Braga promete ter pronto em duas semanas inquérito sobre loteamento de Montélios

Os serviços jurídicos da Câmara de Braga deverão concluir nas próximas duas semanas um inquérito sobre eventuais irregularidades no processo de licenciamento e acompanhamento das obras de urbanização e de construção de vários edifícios no Loteamento de Montélios. O inquérito foi sugerido pelo vereador do pelouro do Urbanismo, Nuno Alpoim, a 10 de Dezembro de 2003, dois dias depois da divulgação pelo PÚBLICO de uma peritagem realizada por investigadores da Universidade do Minho a cinco lotes (P7 a P12) que punha em causa a actuação dos serviços da autarquia no licenciamento das obras e detectava diferenças assinaláveis entre o projectado e o edificado. E o seu resultado vai ser apresentado aos vereadores do PSD na próxima reunião do executivo municipal. Esta foi a resposta da maioria "rosa" aos sociais democratas, que no dia 14 de Março efectuaram uma visita ao loteamento durante a qual exigiram precisamente a abertura de um inquérito para apurar as responsabilidades da autarquia nos prejuízos que a situação está a causar aos moradores que entretanto se constituíram em associação, para accionar o construtor. "Aqui tudo é transparente" garantiu Mesquita Machado após a reunião de ontem do executivo, na qual o tema foi discutido á margem da agenda. O porta-voz da vereação "laranja", Carlos Alberto Pereira, mostrou-se satisfeito com a abertura da autarquia à revelação dos resultados da investigação dos serviços jurídicos, o que levou o PSD a nem requerer que fossem votadas as suas propostas em relação a este tema Outra das propostas do PSD, também aceite pelo PS - os vereadores do PP e da CDU não estavam presentes na reunião - é a realização de uma reunião do executivo com os técnicos da autarquia, para, à luz do relatório do inquérito, analisar o que é que correu mal neste processo. Mais brando que o líder da concelhia do seu partido - "Aparentemente alguma coisa falhou. É preciso ver o que falhou, porque falhou e quem falhou", notou Carlos Alberto Pereira, explicando de seguida que mais do que encontrar um "Cristo" é preciso criar mecanismos de controlo para que o que possa ter acontecido não volte a repetir-se". No relatório que elaboraram a pedido dos condomínios, dois especialistas do departamento de Engenharia Civil da universidade do Minho apontaram problemas logo no projecto de arquitectura dos lotes P4 a P12 de Montélios, no qual faltavam os projectos de isolamento térmico e de instalação de gás, o que só por si chegaria para que não fosse aprovado pela autarquia, disseram. E para além de verificarem uma série de defeitos imputáveis aos construtor, pareceu-lhes "razoável concluir que as licenças de utilização não deviam, também, ter sido concedidas", já que os prédios só poderiam ser habitados depois de uma vistoria "destinada a verificar se as obras obedecem às condições da respectiva licença, ao projecto aprovado e às disposições legais e regulamentares aplicáveis", o que parece não acontecer neste caso.Desde que dois moradores e gestores de condomínio denunciaram os problemas de construção nos prédios P7 a P12 de Montélios - o que lhes valeu um processo por difamação por parte do construtor, que terminou esta semana com um acordo entre as partes - a actividade do empreiteiro José da Silva Borges atraiu a atenção de várias entidades,. A última foi o Ministério Público, que ainda esta semana ouviu os dois proprietários, que entregaram cerca de mil páginas de documentação, relativa não apenas aos edifícios onde moram mas a todo o loteamento, iniciado no final da década de 70. Esta extensa área de mais de 20 hectares onde prédios já concluídos convivem com outros inacabados mas habitados e infraestruturas urbanísticas por concluir já tinha atraído a inspecção do instituto que regula a actividade da a construção, o Imoppi, que abriu vários processos de contra-ordenação, um deles contra a empresa de José da Silva Gomes, que alegadamente construiu prédios sem sequer ter alvará de empreiteiro. E também foi alvo de uma visita da Inspecção Geral do Trabalho, que chegou a promover no ano passado um embargo de obras de dois lotes, anteriormente embargados pela autarquia que, já este ano, voltou a mandar parar os trabalhos nos mesmos edifícios. CxProposta à McDonald's alteração sobre crianças para o Euro A câmara de Braga deliberou ontem enviar aos responsáveis portugueses da multinacional de fast-food McDonald's uma carta propondo que esta permita a escolha de uma sexta criança bracarense para acompanhar a entrada de jogadores nas partidas do Euro 2004, e exigindo que esta seja designada por uma associação que promova o desporto para deficientes. A proposta do PSD foi aceite pela maioria rosa liderada por Mesquita Machado, que no final da reunião de câmara explicou que esta é uma forma - que, voltou a frisar, nunca chegou a assinar qualquer protocolo com a McDonald's sobre a iniciativa que causou polémica, ao excluir crianças com deficiência - mostrar que a autarquia não descrimina ninguém em função das suas capacidades físicas. "Ninguém tenha dúvidas sobre o pensamento desta câmara sobre a problemática da deficiência", vincou. A Câmara de Braga já tinha remetido a escolha dos cinco participantes para as escolas de futebol do concelho, e é para não "cortar a expectativa" das crianças já designadas, que agora sugere que o número de acompanhantes bracarenses seja aumentado para seis, adiantou o autarca, explicando que se esta sugestão for recusada, nenhum dos já escolhidos participará no passatempo.

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