Hospital de Riba de Ave quer garantir urgências a onze mil utentes sem médico de família

Os responsáveis pelo Hospital Narciso Ferreira, pertencente à Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Riba de Ave, em Famalicão, propõe-se resolver o problema da falta de médicos de família na àrea do Centro de Saúde Famalicão II (em Delães), caso possam "funcionar em circunstâncias iguais à dos centros de saúde". Aquele centro de saúde incluiu os postos de Joane e de Delães, àreas onde a falta de médico de família afecta cerca de onze mil utentes, e a proposta foi já apresentada à Sub-Região de Saúde de Braga e à própria Administração Regional de Saúde, como foi revelado por Salazar Coimbra, director clínico e membro do conselho de administração do hospital, aos deputados do Partido Socialista eleitos pelo distrito de Braga que ontem visitaram a unidade de saúde. Os socialistas preparam assim as Jornadas Parlamentares sobre saúde marcadas para a próxima semana, e Fernando Moniz, o porta-voz dos deputados bracarenses, mostrou-se mesmo "interessado" na proposta feita pela unidade hospitalar. Na prática, o Hospital Narciso Ferreira pretende colocar o Serviço de Atendimento Permanente (SAP) a funcionar durante 24 horas por dia, "em condições iguais às dos centros de saúde" e com os mesmos custos para os utentes. Até agora, com o serviço de atendimento urgente a funcionar das oito até ás 20H00 e apenas em Delães, só após esse horário é que o Hospital Narciso Ferreira começava a receber os doentes urgentes. Com a proposta agora apresentada, o centro de saúde de Delães deixava de ter SAP, cabendo à unidade de saúde de Riba de Ave atender todos os doentes daquela área. "O hospital comprometia-se a colocar mais médicos e a atender toda a gente que precisasse de consulta", referiu ao PÚBLICO Salazar Coimbra, que diz acreditar que a decisão (de substituir o SAP do Centro de Saúde Famalicão pelo hospital de Riba de Ave) só não foi ainda tomada "por falta de coragem política". E frisa: "esta é, sem dúvida, a melhor solução até porque é já ao hospital da Misericórdia que as pessoas recorrem quando estão doentes".Com meios auxiliares de diagnóstico que os centro de saúde não possuem, o hospital acabaria assim por "resolver logo os problemas", deixando de haver necessidade de fazer exames e de voltar depois ao médico para os mostrar. De resto, também só os casos mais graves é que seriam enviados para outros hospitais já que a maioria poderia ser solucionada no hospital da misericórdia. Com um atendimento diário, só no serviço de urgência, que ronda os 230 utentes, o Hospital de Riba de Ave tem convenções com o Serviço Nacional de Saúde (através das sub-regiões de Saúde de Braga e do Porto, dada a sua localização geográfica) e com várias seguradoras. Para que a proposta apresentada pelo hospital seja aceite, terão sobretudo que ser revistas as comparticipações financeiras feitas pelo Estado. Actualmente, os doentes que recorreram ao serviço de urgência, durante o dia, pagam 12,50 euros e, após as 20H00, apenas 7,50 euros. As "circunstâncias iguais ás de um centro de saúde" de que falava Salazar Coimbra passam também pela revisão dos preços. O Serviço Nacional de Saúde passaria a comparticipar as consultas por forma a que cada utente apenas pagasse o mesmo valor da taxa moderadora que agora são cobradas nos centros de saúde. CXSub-Região de Saúde á espera da nova lei"É uma proposta que será analisada no contexto da reforma dos centros de saúde que está em curso", referiu ao PÚBLICO Carlos Moreira, o responsável pela Sub-Região de Saúde de Braga, salientando ainda que o protocolo existente entre a misericórdia de Riba de Ave é igual ao celebrado com a restantes misericórdias do país. "Enquanto que os centros de saúde estiverem abertos não faz sentido estar a contratualizar serviços fora", explicou ainda Carlos Moreira que, de momento, não vê qualquer possibilidade de, pelo menos, entre as oito e as 20H00, os utentes deixarem de ser atendidos nos respectivos centros de saúde. "Temos que aguardar a saída de nova legislação sobre a prestação de cuidados de saúde primários. Só nessa altura é que poderemos analisar propostas como o que foi feita pelo Hospital Narciso Ferreira", finalizou o responsável pela Sub-Região de Saúde de Braga.

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