Maior suicídio colectivo aconteceu há um quarto de século

O congressista americano Leo J. Ryan viajou a 18 de Novembro de 1978 dos EUA para a Guiana para investigar queixas contra a comunidade conhecida como Jonestown. Ryan e os seus quatro acompanhantes pretendiam interrogar Jim Jones sobre as práticas da sua seita, o Templo do Povo. Em circunstâncias ainda hoje pouco claras, Ryan e os outros quatro foram assassinados, julga-se que por seguidores de Jones.Julga-se que Jones entrou em pânico com a morte de Ryan; presumindo que o assassínio do congressista iria atrair as atenções das autoridades americanas, o líder do Templo do Povo ordenou o "suicídio revolucionário" colectivo de todos os seguidores. Jones ordenou a preparação de grandes caldeirões com cianeto.Alguns terão cometido suicídio voluntariamente, outros terão sido "ajudados". Ao fim desse 18 de Novembro de 1978, havia 914 cadáveres em Jonestown, incluindo o do próprio Jim Jones. Mais de duas centenas das vítimas eram crianças.Ao cabo de 25 anos, os acontecimentos de Jonestown ainda não foram completamente esclarecidos. O suicídio colectivo de quase mil pessoas despertou a América para o fenómeno dos cultos messiânicos e/ou apocalípticos, criando um receio que foi alimentado mais tarde por outros casos nos anos 90.Jim Jones tornou-se pastor da sua própria igreja em 1953, no estado do Indiana. No final dos anos 60, Jones mudou-se para a Califórnia - o estado americano com a maior variedade de cultos religiosos.Com a sua base em São Francisco, Jones tornou-se popular. A sua igreja, o Templo do Povo, tinha vários milhares de seguidores. Jones era conhecido pelas suas acções de caridade e tinha boas relações com os políticos locais.Em 1972 começaram a surgir artigos nos jornais com críticas a Jones. O pastor era acusado de fazer lavagens cerebrais aos seus fiéis e de se apresentar como um profeta capaz de curas milagrosas. Em 1976, vários jornais publicaram reportagens sobre como os seguidores do Templo do Povo eram coagidos por Jones e pelos seus ajudantes e obrigados a dar todos os seus bens à seita.No ano seguinte, Jones decidiu que a pressão na Califórnia era demasiado perigosa. Denunciando o que descrevia como uma conspiração contra si nos "media" patrocinada pelo Governo americano, Jones resolveu levar os seus seguidores para uma propriedade remota na Guiana. Um milhar de fiéis, entre os quais muitas crianças, seguiram Jones em 1977 para a América Latina. A comunidade criada na Guiana, sob o nome Jonestown, era descrita pelo Templo do Povo como uma espécie de aldeia utópica. Mas voltaram a aparecer na imprensa denúncias de maus tratos aos fiéis.A grande maioria dos habitantes de Jonestown tinham vindo da Califórnia, o estado de Leo Ryan. O congressista resolveu visitar Jonestown para averiguar as condições da comunidade. Logo a seguir à sua morte ocorreu o suicídio colectivo.Ainda hoje há teorias da conspiração sobre o que é que se passou em Jonestown envolvendo a CIA ou outros grupos. A versão aceite pela maior parte dos investigadores é que Jones entrou em pânico com a visita de Ryan e decidiu ordenar o suicídio antes de uma intervenção em larga escala dos EUA. Não se sabe quantos membros do Templo do Povo beberam o cianeto por vontade própria e quantos foram obrigados."É muito difícil de compreender por que é que pessoas inteligentes, novas e velhas, poderiam sacrificar as suas vidas por um homem que lhes disse que têm que [morrer] para evoluir para um plano superior", disse em 1998 à CNN Jynona Norwood, que teve vários familiares mortos em Jonestown. "Muitos destes jovens, ou até os seus pais, estavam apenas à procura de algo com que se identificar."

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