Convento dos Inglesinhos vai ser transformado em condomínio de luxo

Quarenta apartamentos de luxo, diversos pátios e jardins interiores, uma piscina, um miradouro privativo e três pisos de estacionamento subterrâneo são alguns dos tópicos da intervenção que o grupo Amorim vai fazer no Convento dos Inglesinhos, ao Bairro Alto, em Lisboa, para o transformar num condomínio fechado. O projecto de arquitectura, que prevê a utilização da igreja seiscentista do convento como clube, já foi aprovado pela Câmara de Lisboa, estando actualmente em apreciação os projectos de especialidade. Os promotores pretendem iniciar os trabalhos no início do próximo ano e concluir a obra em finais de 2005.Abrangendo uma área total de 5.486 m2 - correspondente ao quarteirão formado pelas ruas Luz Soriano, Travessa dos Inglesinhos, Rua Nova do Loureiro, Calçada do Cabra e Rua de São Boaventura - a intervenção incide sobre o degradado conjunto de edifícios e logradouros do Colégio de São Pedro e São Paulo (também chamado dos Inglesinhos) e ainda pelos logradouros e edifícios com frente para a Calçada do Cabra. Adquirido pela Misericórdia de Lisboa em 1982, o antigo seminário de padres católicos ingleses foi vendido à Amorim Imobiliária quando já não tinha quaisquer actividades ligadas à formação religiosa ou ao culto e faz parte do inventário municipal do património desde 1994, além de estar situado na área de protecção de diversos imóveis classificados.De acordo com uma fonte do gabinete da vereadora do Urbanismo da Câmara de Lisboa, o projecto de arquitectura foi aprovado e obteve o parecer favorável do Instituto Português do Património Arquitectónico. Nos termos da memória descritiva do projecto, da responsabilidade do arquitecto Helder Carita, está em causa a criação de uma "nova funcionalidade na área objecto do estudo" e na sua envolvente "sem desvirtuar a situação presente". Para libertar o espaço necessário à criação dos novos espaços de habitação, o projecto contempla a remoção de diversos acrescentos e anexos que foram sendo feitos às construções originais e a demolição dos edifícios de habitação existentes ao longo da Calçada do Cabra."A manutenção de memórias do passado quer a nível da arquitectura e do espaço urbano com uma correcta adequação aos novos usos é um dado fundamental" a ter em conta, afirma-se no documento. Para lá da preservação da desactivada igreja de São Pedro e São Paulo - cujo interior será transformada numa "Igreja/Clube em que se inventa um móvel, para habitar, distanciado das paredes envolventes, sem que o invólucro decorativo interno da Igreja sofra quaisquer adulterações" - o texto diz que serão inventariados, para eventual restauro e "reutilização no mesmo local ou outras zonas do empreendimento" ou para armazenamento, os elementos arquitectónicos e decorativos das actuais construções, incluindo azulejos e molduras dos vãos em pedra.Os projectistas assumem "o confronto entre a construção nova e a construção existente tentando clarificar uma leitura de lógicas arquitectónicas e construtivas diferenciadas". Uma das alteração que sobressairá no aspecto exterior da igreja do convento, frente ao Conservatório Nacional, consiste nas escadarias, que serão redesenhadas, ao mesmo tempo que a porta será deslocada para o eixo dos dois lanços de escadas e passará a funcionar como acesso à "Igreja/Clube" ao nível do Largo dos Inglesinhos.No conjunto haverá vários edifícios de habitação com três pisos e nalguns casos mansardas, correspondendo um deles ao antigo colégio dos seminaristas ingleses. Ao todo o condomínio conterá três jardins e quatro pátios interiores, um dos quais é apresentado como um "novo espaço público com ligação do largo de acesso ao Hospital de São Luís".O estacionamento previsto para ter três pisos subterrâneos ocupará todo o espaço a nascente do edifício principal e da igreja, terá acesso pela Travessa dos Inglesinhos e servirá não só o condomínio como as zonas envolventes.Previsto está também um miradouro a criar na cobertura de um dos edifícios.O grupo Amorim não divulgou o valor do investimento previsto nem o custo dos apartamentos do futuro condomínio.

Sugerir correcção