$Diocese de Boston atinge acordo histórico em casos de abuso sexual

A diocese de Boston anunciou esta semana que irá pagar 85 milhões de dólares em indemnizações a 552 vítimas de abusos sexuais cometidos por padres católicos ao longo dos últimos 30 anos. O acordo com as vítimas foi visto nos EUA como um passo fundamental para recuperar a imagem da Igreja Católica americana, que no último ano e meio foi duramente afectada por múltiplas revelações de escândalos sexuais.A origem dos escândalos era precisamente Boston. A imprensa americana revelou detalhes sobre os crimes do padre John Geoghan, que abusou de dezenas de crianças ao longo de décadas perante a apatia das autoridades eclesiásticas.O caso de Geoghan desencadeou uma avalanche de acusações. Centenas de pessoas nos EUA disseram ter sido molestadas por padres católicos. Em muitos casos, estes padres não foram punidos pela hierarquia, mas apenas transferidos de uma paróquia para outra.Boston é uma das mais católicas cidades da América (os EUA são um país de maioria protestante, mas a comunidade católica, 25 por cento da população, é a mais importante fé cristã); a diocese, quarta maior do país, tem 2,1 milhões de fiéis. O cardeal Bernard Law foi particularmente visado pelas críticas e acusado de ignorar as denúncias de abuso ao longo de décadas.Quando o escândalo rebentou, muitos católicos ficaram desapontados com a aparente insensibilidade de Law. A diocese parecia estar interessada apenas em proteger-se de processos judiciais, desprezando as queixas das vítimas. A equipa jurídica de Law reagiu com agressividade a alguns dos processos, e o cardeal chegou a ameaçar que a diocese declararia bancarrota.Em Dezembro, chegou a um acordo de dez milhões de dólares com 86 vítimas de Geoghan. Pouco depois, Law demitiu-se. O padre Geoghan, que cumpria uma pena de dez anos de prisão, foi assassinado na cadeia por outro presidiário no mês passado.Há seis semanas, Sean O'Malley foi nomeado arcebispo de Boston. Frade franciscano com reputação humilde e conciliatória, O'Malley tinha como primeira missão resolver o problema das acusações de abuso sexual. O acordo agora anunciado é um marco na tentativa da Igreja americana se reconciliar com os seus fiéis. "O arcebispo O'Malley ouviu toda a gente. Acredito que [este acordo] trará paz a muitos indivíduos", disse ao "Boston Globe" o advogado Mitchell Garabedian, que representava mais de uma centena de vítimas."Este foi um dia bom para diocese", disse o padre Christopher Coyne, porta-voz da diocese de Boston. "Não tivemos muitos nos últimos dois anos, mas este foi um dia bom."O acordo obtido em Boston já anteontem foi seguido em Seattle e pode servir de exemplo às outras 193 dioceses católicas dos EUA. Em muitas delas continuam a decorrer processos contra a Igreja por abusos sexuais. "O fim dos processos judiciais em Boston é mais que simbólico", disse ao "Washington Post" Mark Chopko, advogado da Conferência de Bispos Católicos dos EUA. "Tudo parecia sugerir que não seria possível um acordo, mas agora Boston pode ser um modelo para o resto do país."Chopko disse ainda que há entre 1000 e 1500 processos em tribunal contra a Igreja no resto do país. Até agora, o maior acordo atingido em casos de abuso sexual por padres fora em 1998, quando a diocese de Dallas pagou 31 milhões de dólares a 11 queixosos.A Igreja dos Estados Unidos tem em curso outras iniciativas para restaurar a confiança dos católicos, abalada pela sucessão de escândalos. Em Dezembro serão divulgados vários estudos sobre a extensão do abuso sexual dentro da Igreja, e sobre os resultados da nova política de "tolerância zero" para com padres culpados de molestar menores. Leg: . O arcebispo Sean O'Malley, nomeado recentemente, teve um papel essencial no acordo

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