Milhares de baleias e golfinhos morrem afogados nas redes de pesca

Mais de 300 mil baleias, golfinhos e botos morrem todos os anos nas redes de pesca, segundo um estudo feito à escala mundial por cientistas britânicos e norte-americanos para a associação WWF (World Wildlife Fund). A maioria dos animais presos nestas armadilhas submarinas morrem por afogamento, porque não conseguem vir à superfície respirar, refere o comunicado de imprensa ontem distribuído. "Cada dez minutos, uma baleia morre de uma forma cruel e absurda", disse Volker Holmes, especialista em mamíferos marinhos da WWF. Esta avaliação será apresentada na Comissão Baleeira Internacional (CBI), que se reúne em Berlim na próxima semana.Segundo os ambientalistas, o "bycatch" (pesca não selectiva que consiste na captura de uma espécie quando se tenta apanhar outras) é a maior ameaça à sobrevivência das cerca de 80 espécies de cetáceos existentes no planeta.Os quilómetros e quilómetros de redes espalhadas por todos os oceanos são invisíveis e indetectáveis pelos radares dos cetáceos. Apenas as grandes baleias conseguem escapar à morte por afogamento mas, quando fogem, levam, agarradas aos corpo, restos da rede onde caíram, o que lhes provoca grandes feridas, pode impedir os movimentos e condená-las a uma morte lenta. O "bycatch" é um problema que afecta centenas de espécies marinhas mas ainda não foram tomadas medidas sérias para o resolver, com a excepção de alguns países. Além disso, sabe-se pouco sobre as quantidades de animais que são mortos desta forma. No caso dos cetáceos, as consequências tomam grandes proporções porque a pesca não selectiva começa a ficá-lo à medida que os animais apanhados acidentalmente começam cada vez mais a ser consumidos por humanos. "Algumas espécies podem desaparecer nas próximas décadas se não forem encontradas soluções", defende o chefe da equipa de investigação, Andy Read, da Universidade de Duke (EUA). Por isso, os ambientalistas exigem que a CBI tome medidas, através da aprovação de uma resolução sobre este problema, de forma a que o "bycatch" seja considerado uma prioridade e que os governos comecem a apoiar a investigação e as estratégias para impedir que os cetáceos continuem a perecer nas redes de pesca. Entre as espécies mais ameaçadas estão as Vaquitas (boto), que vivem apenas nas águas do Golfo do México e que estão reduzidas a apenas 500 exemplares. Os cientistas calculam que 15 por cento da população morra todos os anos nas redes. Outros dos animais mais ameaçados são os golfinhos Maui, da Nova Zelândia, onde vivem apenas 100 espécimes e os do rio Irrawaddy, que nas Filipinas estão reduzidos a 70 indivíduos.Colaboração dos pescadoresAs redes de cerco e de arrasto são algumas das grandes culpadas pela morte dos cetáceos. A WWF propõe algumas soluções, como a colocação de alertas acústicos nas redes que permitam que os mamíferos marinhos evitem estas armadilhas. Existem já várias técnicas que podem impedir que a mortandade prossiga. Mas para que as soluções sejam efectivas, dizem os ambientalistas, é essencial a colaboração dos pescadores, que podem ajudar na descoberta de novos métodos para evitar que os cetáceos fiquem presos nas redes. "As soluções para combater o 'bycatch' já existem", defende Karen Baragona, directora do Programa para a Conservação das Espécies da WWF. "Mas para enfrentar o problema a uma escala global precisamos de vontade política, mais fundos para a investigação e também de contar com a criatividade dos pescadores, de forma a que as baleias e os golfinhos estejam protegidos e os pescadores continuem a ganhar a vida", acrescenta. legenda: "Cada dez minutos, uma baleia morre de uma forma cruel e absurda"

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