Casa da Música: o "meteoro" de Rem Koolhaas já emergiu

A Casa da Música só deverá estar pronta, na melhor das hipóteses, no Verão de 2004, mas o edifício já está à vista. Implantado numa zona densamente edificada do Porto, o extravagante meteoro branco desenhado pelo arquitecto Rem Koolhaas provoca um fortíssimo efeito de surpresa. A leveza das suas linhas exteriores, porém, faz com que pareça muito mais pequeno do que é de facto, com os seus 17.500 metros quadrados de área útil.O PòBLICO visitou a obra, desde os três pisos subterrâneos, rodeados pela espiral do parque de estacionamento (700 lugares), até ao topo, onde irá funcionar, a 40 metros do solo, um restaurante com terraço panorâmico, voltado para a Rotunda da Boavista.Neste momento, para que a fase de construção das estruturas seja dada como concluída (o prazo contratual expira a 3 de Maio) falta apenas encaixar o Pequeno Auditório (300 lugares) - que se destacará do corpo principal do edifício e terá vista para o mar -, colocar o tecto e assentar a pesada laje que sustentará as inclinadas paredes exteriores.Para comemorar o final desta primeira fase - depois resta a complexa empreitada de acabamentos -, a Casa da Música vai promover, em Junho, um ciclo de espectáculos, que deverá prolongar-se por três semanas (ver caixa). As previsões apontam para que a Casa da Música abra oficialmente as portas em Maio ou Junho de 2004, mas Pedro Burmester, o administrador e responsável pela concepção do programa, admite que a data possa ser demasiado optimista, já que a fase de acabamentos implicará, além da afinação acústica dos vários espaços, tarefas delicadas como colocar, nos dois extremos do Grande Auditório (1300 lugares), uma série de vidros ondulados com dimensões gigantescas.A abertura para a Rotunda da Boavista, atrás do palco - um enorme buraco de 23 metros de largura por 17 de altura -, será coberta com um vidro único, sem qualquer caixilharia. Ou, na verdade, e por razões de acústica, com dois vidros de ponta a ponta, separados por um corredor. No outro extremo da sala, voltada para Oeste, a solução será idêntica, salvo no facto de se pretender utilizar o corredor entre os dois vidros para se instalar um café, do qual será possível ver (mas não ouvir) os concertos do auditório e, simultaneamente, avistar, do lado oposto, uma nesga das praias da Foz do Douro. Também os restantes espaços principais de apresentação de espectáculos - do Pequeno Auditório à sala de cibermúsica - terão comunicação visual com o Grande Auditório, através de extensas superfícies envidraçadas.De resto, ao longo dos sucessivos andares do edifício, a existência de grandes aberturas para o exterior é uma constante. Excepção feita, naturalmente, aos pisos subterrâneos, onde se situará a maior das oito salas de ensaios, com capacidade para acolher uma orquestra sinfónica. Abaixo do solo ficará também o estúdio de som e imagem, apetrechado com o equipamento necessário para que a Casa da Música possa não apenas gravar os seus concertos, mas editar as gravações em vídeo sem necessidade de recorrer a terceiros. E é ainda da cave que parte, para servir o palco, um elevador onde cabem com largueza três pianos de cauda. Entre muitos outros espaços, além dos já referidos, o edifício contará com uma zona de arquivo, um sector destinado aos serviços educativos, uma loja de venda de discos e DVD's, e ainda múltiplos "foyers", com bares e preparados para acolher exposições e performances.Se a fase final da construção decorrer nos prazos previstos, a abertura da Casa da Música deverá coincidir com o início do Euro 2004. Na administração, há quem defenda que se deve tentar garantir essa possibilidade, uma vez que o campeonato trará muitos turistas à cidade, mas há também quem argumente que, durante esse período, as atenções irão estar demasiado concentradas no futebol. Em todo o caso, só no final deste mês, quando chegarem as respostas ao concurso lançado para as empreitadas de acabamentos, irá ser possível prever com menor grau de incerteza a data de conclusão da obra.Uma vez inaugurada a Casa da Música, faltará ainda garantir as verbas necessárias ao cumprimento do programa concebido por Pedro Burmester que, segundo os cálculos que foram sendo divulgados, implicará gastos anuais na ordem dos 10 milhões de euros, contando com os salários dos músicos, a programação e todas as outras despesas envolvidas, incluindo os custos de manutenção do próprio edifício.Casa da MúsicaPropriedade: Casa da Música/Porto 2001 S.A.Inauguração prevista para 2004

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