Primeiro centro de negócios de Vila Franca vai nascer em antigos silos da EPAC

O primeiro centro de negócios de Vila Franca de Xira vai nascer no espaço dos antigos silos da EPAC, a norte da cidade. O projecto do Xira Business Center prevê a manutenção da estrutura arquitectónica do complexo, adaptando-o às suas novas funções e criando espaços complementares para estacionamento, comércio e restauração. As obras deverão arrancar ainda este ano, prevendo-se que estejam prontas no final de 2004. O antigo complexo da Empresa Pública de Abastecimento de Cereais - situado entre a Estrada Nacional 1 e a linha férrea, próximo do acesso à ponte Marechal Carmona --é composto por oito enormes silos com cerca de 30 metros de altura e por um extenso edifício, que servia funções administrativas e de apoio. Construído no anos 50 pela Federação Portuguesa dos Produtores de Trigo, este centro de armazenagem de cereais foi completamente desactivado em 1999, depois de vários anos de indefinição quanto ao seu futuro. A EPAC colocou-o, então, à venda e foi adquirido pelo Grupo CCC, que através de uma das suas empresas, a Lisarb, está a desenvolver este projecto de transformação do imóvel.Segundo o arquitecto responsável pelo projecto, Antero de Sousa, da Getecno, concluiu-se que o valor histórico e as características do edifício se prestavam a uma alteração da sua função: "Percebemos que era possível alterar o uso, mantendo todo o seu carácter emblemático. Não há ninguém que ali passe e que não o veja. É um edifício que se adequa perfeitamente às funções de serviços e de escritórios, tem condições estruturais para isso e contribuirá de forma significativa para dignificar a cidade e a sua entrada norte".Segundo o arquitecto, a câmara aceitou a ideia com "entusiasmo", até porque ela se enquadra nos planos do município destinados a reordenar esta entrada da cidade. Com custos estimados em 11 milhões de euros, o centro de negócios terá cerca de nove mil metros quadrados de área, distribuídos por edifícios de dez pisos - os antigos silos - e de cinco pisos - o edifício de apoio. Antero de Sousa reconhece que a reconversão destes edifícios é complexa, mas também aliciante. De acordo com o arquitecto, as obras têm que iniciar-se ainda este ano. "É uma operação delicada, será necessário limpar o edifício e demolir parte da fachada", explicou.O aspecto mais original do projecto é o modo como os silos vão ser adaptados à função de escritórios: deverão ser "serrados" a meio, na vertical, e as metades demolidas serão reconstruídas envidraçadas. "Adequar oito cilindros com seis a sete metros de diâmetro a um uso diferente é sempre difícil. Pensámos em serrá-los, mantendo os contornos existentes e perpetuando a sua memória no lado da Estrada Nacional. Do lado do rio haverá uma estrutura nova, com espaços amplos e vistas sobre o Tejo, beneficiando também do facto de estarem virados a nascente", contou o arquitecto.O acesso dos operários da construção civil a estas torres vai ser facilitado durante a obra pelo facto de já existir uma escadaria e um conjunto de ascensores. Segundo Antero de Sousa, a Lisarb percebeu que o espaço envolvente disponível não era suficiente e estabeleceu uma parceria com o Instituto das Estradas de Portugal, que permitirá a utilização de um terreno situado imediatamente a sul para a instalação de um parque com 272 lugares de estacionamento. Como o complexo tem uma configuração em forma de "H", o arquitecto resolveu criar espaços ajardinados nas zonas interiores. No último piso do antigo edifício administrativo deverá abrir um restaurante panorâmico. Antero de Sousa admite que a crise económica também afecta o sector da construção, mas diz que os problemas atingem mais a habitação. "Ao nível de escritórios, e nomeadamente no concelho e na cidade de Vila Franca, penso que essa crise não existe. O que há é uma grande falta de espaços para escritórios. Se for necessário ter mil metros quadrados para escritório em Vila Franca eles não existem, e os escritórios são a base da economia. Se não existirem espaços de decisão as pessoas instalam as suas sedes noutros concelhos", remata. J.T..

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