Operação Mundial começou ontem sem grandes surpresas

Não há grandes surpresas na lista definitiva de jogadores que Portugal vai levar ao Campeonato do Mundo de futebol da Coreia do Sul/Japão, com início em 31 de Maio. Kenedy é a maior novidade na convocatória de António Oliveira, que evitou fazer escolhas que pudessem ser polémicas. O seleccionador nacional, que ontem, em Lisboa, justificou as suas escolhas, manteve-se fiel aos princípios de levar um grupo de jogadores que na sua grande maioria estiveram na campanha de qualificação para o Mundial."Primeiro, a polivalência de alguns jogadores. Segundo, a solidez no meio-campo e terceiro, jogadores que podem jogar ao melhor nível e que nos dêem soluções estratégicas para podermos jogar em contra-ataque, mas fundamentalmente em ataque continuado. Foi feita uma análise rigorosa das características e da condição física de cada um", salientou o técnico, sustentanto as suas opções. Está assim explicada a meia-surpresa que constituiu a chamada de Kenedy, que no entanto fazia parte de um conjunto alargado de hipóteses, o tal grupo de 31, 32 jogadores apontados como base do seu trabalho na selecção nacional.Oliveira repete 15 dos jogadores que o seu antecessor Humberto Coelho preferiu para o Europeu e dá o seu toque pessoal nos outros. Ricardo, Frechaut, Petit, Jorge Andrade, Caneira, Nélson, Pedro Barbosa e Kenedy fazem a diferença entre António Oliveira e Humberto Coelho. Às críticas por levar apenas dois esquerdinos e dois pontas-de-lança, Oliveira foi claro: "Isto é um bocadinho como a manta. Se puxamos de um lado, destapa-se do outro." Aos ausentes, fez questão de deixar uma "palavra de solidariedade e de conforto", referindo-se em particular a Simão, Sá Pinto, Dimas, Luís Boa-Morte e Quim. O caso de Quim foi por si abordado especialmente, já que o guarda-redes do Sporting de Braga está suspenso devido a um controlo "anti-doping" e só por isso não vai ao Mundial. "Antes de fazer a convocatória, tive a preocupação de pedir aos responsáveis da FPF que me dissessem qual a situação de Quim. Está suspenso e, por isso, não se pode convocar um jogador que está suspenso. Devia estar neste lote", reforçou.Havia ainda alguma expectativa entre Beto e Fernando Meira e entre Quaresma e Kenedy, mas Oliveira desfez ontem a incerteza. Tanto Beto como Kenedy têm a ser favor os argumentos que pesaram na decisão do treinador e no caso do jogador do Marítimo há ainda outra explicação, que passa por um défice criado pela lesão de Simão. "Está num excelente momento de forma. E depois de analisar os jogos de preparação chegámos à conclusão que o lado esquerdo estava fragilizado. Era o lado que mais parecia descompensado. Conheço-o bem, vai integrar-se, vai ser-nos útil pela sua forma, pela sua motivação e vontade que vai demonstrar. Vai dar-nos mais soluções e maior equilíbrio", garantiu.Mas nem tudo está bem para Oliveira. As lesões são a sua grande preocupação - "vieram condicionar a lista. A falta de um jogador muitas das vezes altera a forma como a equipa joga. Se tivermos mais lesões, mais condicionará a selecção", admitiu - e depois dos casos de Simão e de Sá Pinto, Luís Figo e Rui Costa estão no topo dos problemas. Oliveira diz ter garantias: "Tenho informações muito rigorosas que não vai haver problemas para recuperá-los. Só espero que não haja mais problemas de ordem física. Estou convicto que teremos Figo e Rui Costa nas melhores condições. Todos eles estarão nas melhores condições. (...) É natural que o Luís Figo esteja um pouco cansado, mas penso que temos algum tempo e vamos recuperá-los, com trabalhos pessoais. Vamos ter Figo ao seu melhor nível." Agora, vem aí o estágio de Macau (a selecção nacional viaja sexta-feira), onde Oliveira espera ultrapassar estes problemas e preparar os jogadores para um Mundial que qualificou de "muito difícil, rápido e onde um dia menos feliz pode deitar tudo a perder", e no qual Portugal tem como primeiro objectivo "vencer o grupo na primeira fase [Estados Unidos, Coreia do Sul e Polónia como adversário] e depois pensar jogo a jogo". "O estágio é fundamental para recuperá-los e trabalharmos várias vertentes, desde a parte física à mental. Antes de chegarmos a Seul, temos muitos trabalhos de casa para fazer", reconheceu.

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