"Traduzir é escrever um poema que não seja nosso"

A monumental "Antologia da Poesia Espanhola das Origens ao Século XIX" culmina um trabalho de tradução único em Portugal: o que José Bento tem vindo a desenvolver ao longo de mais de 40 anos de gosto e dedicação à poesia espanhola. Agora está a traduzir poemas de Cervantes e vai lançar-se a uma antologia de Unamuno. Como poeta, regressa num livro de inéditos, "Sossegado Silêncio", a lançar em breve.

Já não há madressilvas na Rua da Madressilva, em Mem-Martins, onde José Bento vive. Ele, que conhece de cor plantas e pássaros, nota-lhes a falta. Mas diz que o lugar continua um sossego. E vai tranquilamente a pé até Sintra, como se automóveis, auto-estrada e demais desastres na paisagem nem existissem. É uma rocha, um homem completamente vertical, um menino. Olho muito azul, agudo. A rir, de repente. Ao longo destes mais de 40 anos em que foi traduzindo toda a grande poesia espanhola para português, convidaram-no para ser professor, leitor, orador em Granada, Sevilha ou Madrid. E ele sempre a fugir das solenidades. Viver noutro lugar, só na aldeia onde nasceu, há 69 anos, Pardilhó, perto de Aveiro. Não se imagina senão livre. Assim andou, em muitas viagens, desde 1954, por toda a Espanha, dentro e fora das cidades, dentro e fora dos livros, de olhos e ouvidos bem abertos. Por puro gosto. No princípio, "um bom poeta português" chegou a aconselhá-lo a desistir de traduzir. Pouquíssimas editoras arriscavam traduções de poesia, além da Inova, onde Jorge de Sena publicava as suas. E foi Jorge de Sena, enquanto responsável da Livros do Brasil, que editou em 1958 a primeira tradução de José Bento - uma das poucas que fez de prosa, em todo o seu percurso - "Platero e Eu", de Juan Ramón Jiménez.Foram precisos mais seis anos até vir a público, em "O Tempo e o Modo", uma das suas primeiras traduções de poesia: "Cântico Espiritual", de São João da Cruz. Ao grande místico renascentista foram-se acrescentando, em antologias individuais, os nomes de Neruda, Aleixandre, Manrique, Garcilaso, Quevedo, Brines, Antonio e Manuel Machado, Santa Teresa de Ávila, Cernuda, Vallejo, Frei Luis de León, Gil de Biedma, Lorca ou Brines, num imenso percurso de encontros diversos no tempo, que acolhe ainda o teatro de Calderón ou a filosofia de María Zambrano. Antologias colectivas, imprescindíveis: a do "Siglo de Oro", a da poesia contemporânea, e, recentemente, a monumental "Antologia da Poesia Espanhola das Origens ao Século XIX". Dizer que ninguém em Portugal conhece a poesia espanhola como José Bento é ficar aquém: talvez nem em Espanha, arriscou Eduardo Lourenço, ao saudar, recentemente, a publicação desta última antologia.Partimos para Sintra, levando-a debaixo do braço. Se para a conversa ainda outro pretexto buscais, o poeta José Bento - que já não lançava um livro desde "Silabário", Relógio d'Água, 1992 - está a regressar com novo volume de inéditos. Exactamente meio século depois de ter publicado o seu primeiro poema, entre cadernos de contas e outros encargos. A poesia espanhola não imagina o que deve à contabilidade portuguesa.MIL FOLHAS - Durante mais de 20 anos foi técnico de contas...JOSÉ BENTO - Nunca exerci, propriamente. Entre 1956 e 1962 dei aulas de matemática e de contabilidade. Depois fui administrador de uma empresa, de 64 a 69 trabalhei no controle financeiro de uma multinacional, e de 69 a 80 estive na Norma.Conviviam bem dentro de si as duas actividades? A poesia era um contraponto à aridez das contas, da matemática, ou para si não tem sentido esta oposição?Não acho nada que a matemática seja árida. Publiquei diversos trabalhos ligados à matemática. Um deles deve ser um dos livros de contabilidade que mais se venderam em Portugal até hoje: "Plano Oficial de Contabilidade Explicada", que já vai na 26ª edição. Quando saí da Norma, em 1980, foi porque tinha os direitos de autor desse livro. Sem ele, não havia poesia espanhola quase nenhuma traduzida [risos]. É verdade. As traduções são mal pagas - não me estou a lamentar, porque a nossa actividade, a dos poetas e tradutores, é parasitária, entre aspas, em relação à sociedade em que se vive. E foi esse livro que me permitiu uma dedicação a tempo inteiro à poesia e à tradução: viajar para Espanha, ter estado a estudar na Universidade Complutense, em Baeza, estar sempre a comprar livros espanhóis - quase todos os meses gasto muita massa em livros espanhóis. Nunca tive uma bolsa de estudo nem nada desse género, nunca pedi nem quero. Aquilo que recebi das digníssimas autoridades portuguesas e espanholas, foi... deixe-me lembrar... uma vez em 1984, quando me pagaram uma viagem para frequentar um curso da Universidade de Granada em Baeza.Nos anos 50, quando comecei a traduzir, por gosto, quase ninguém publicava traduções de poesia, à excepção da Inova. Até houve um bom poeta português que me quis tirar da cabeça traduzir. Disse-me: "Ah, você faça os seus poemazinhos, deixe lá os poetas espanhóis, não vale a pena, cá em Portugal toda a gente sabe espanhol..."Costuma contar que o seu entusiasmo pela poesia espanhola começa quando ouve, no Porto, Teixeira de Pascoaes a falar de Miguel de Unamuno. Chegou a conviver de perto com Pascoaes?Conheci-o mal. Lembro-me de ter ido a três conferências. Uma era sobre Guerra Junqueiro, outra realizou-se numa associação ligada às mulheres marxistas, comunistas, daquele tempo, a Associação das Mulheres para a Paz - isto, no princípio dos anos 50, no Porto, foi uma grande escandaleira, com as pessoas a dizerem que Pascoaes andava com os comunistas...Nas conferências, ele lia, mas também improvisava muito, falava com as pessoas. E na conferência sobre Guerra Junqueiro falou de Unamuno. Lembro-me de ter ido depois à Biblioteca do Porto, à procura de livros do Unamuno, e ter encontrado dois, oferecidos por ele, ainda por abrir. Fui eu que os abri. Lembro-me também de ter procurado a edição das "Poesías Completas" de Antonio Machado. Não vou dizer - como na entrevista de Cesariny há dias [Mil Folhas de 19.01] - que deitava fogo pelos cabelos. Mas era uma pessoa que vinha de outro mundo. Dizia coisas anteriores, coisas que só depois viriam a ser ditas, mostrava uma visão completamente diferente da poesia e da retórica. Naquele tempo, no Porto, ainda era facílimo encontrar primeiras edições dele. Pascoaes é um poeta tão grande como Pessoa. São dois poetas absolutos, que atingiram o máximo.Sendo que Pascoaes é muito menos lido. Encontra alguma explicação para esse desencontro com os leitores de agora?Talvez por causa da retórica. E também da própria desigualdade da poesia dele. Tanto tem poemas muitíssimo bons como francamente maus. Pessoa também, mas Pessoa, enfim, não teve tempo de rasgar, e Pascoaes teve tempo de rasgar e não rasgou. Se formos comparar as primeiras edições, às vezes a única semelhança nos poemas é quase só o título. Ele melhorou-os bastante. A partir da segunda metade do século XX, que poetas portugueses lhe interessam?É uma pergunta a que nunca responderei. Primeiro porque estamos muito perto, depois porque não me considero muito bom leitor. Facilmente me esqueço, quando estou a fazer um trabalho, de tudo aquilo que fiz antes. Felizmente, senão, não conseguiria. Há sempre aqueles poetas a que volto, mas são sempre mais de outros séculos, tirando Rilke, Eliot...É um grande poeta, mas a partir de certa altura a poesia dele é uma afirmação da incomunicabilidade. E dá-me uma angústia enorme.Na poesia contemporânea espanhola, que nomes lhe parecem fundamentais?Os poetas espanhóis deste século que mais me interessam são Unamuno, Antonio Machado, Vicente Aleixandre, García Lorca, Juan Ramón Jiménez, Miguel Hernández, Claudio Rodríguez, Jaime Gil de Biedma, Francisco Brines, José Ángel Valente, María Victoria Atencia, Pere Ginferrer e Guillermo Carnero.Como dialoga com as traduções que Joaquim Manuel Magalhães tem feito da mais recente poesia espanhola?O trabalho dele é muito interessante, aproxima o hoje português do hoje espanhol. Dentro daquele marco epocal, os poetas são bem escolhidos, embora muitos deles já não estejam no meu campo de interesse, talvez por eu já ser velho. E acho que ele traduz muito bem, não procura fazer o poema dele com o poema dos outros.Para traduzir certos poetas, ser poeta ajuda muito. Temos que pôr sempre bastante de nós, tem que ser um poema em português, mas não o nosso. Mas acho que o traduzir não inibe nem estimula escrever poesia. Ensina muito. Um grande poeta ensina-me a ser como ele ao contrário: o caminho que ele segue é o que eu já não vou seguir. E com tantos poetas traduzidos, tantos caminhos tapados, continua a escrever poesia.Continuo. Vou editar agora um livro. Desde o "Silabário" [1992] já publiquei, dispersos, uns 90 poemas. E o Cruz Santos [antigo editor da Inova] pediu-me um livrinho para esta nova colecção Formato, da Asa. O Cruz Santos é um grande provocador e um grande amigo, e eu não lhe posso negar nada: quando ninguém me ligava nenhuma, ele publicou-me as traduções de São João da Cruz, Bécquer, Aleixandre, Neruda, Frei Luis de León, Góngora, mais tarde o Miguel Hernández. Vai ser um livrinho com três séries: "Respigo Outra Estação" - que está publicada em Espanha -, "Jardins" e "Aves", cujos poemas são quase todos inéditos. Ao todo são 52 poemas. Terá um título cervantino, "Sossegado Silêncio". O capítulo [do "Quixote"] em que Cervantes entra em El Toboso, começa assim: "Estaba el pueblo en un sossegado silencio"...Já que aqui calha o "Quixote": teremos ou não uma tradução sua?É a pergunta que me lixa sempre [risos]. Já não estou em idade de grandes projectos. Estou a fazer coisas pequeninas. A primeira é uma antologia de poemas de Cervantes, na colecção Formato, para a qual traduzo novos poemas, além dos trinta e tal dele que já tinha traduzido. Também estou a trabalhar numa antologia que já queria fazer há muitos, muitos anos, é talvez a que mais andou dentro da minha cabeça: de Miguel Unamuno, para a Assírio. Já fiz a selecção dos poemas, embora seja uma primeira selecção - há sempre poemas que não consigo traduzir e que substituo por outros.Diz um verso seu: "Sei agora / que esta pedra me esperava com seu fogo". É um pouco isso, quando se consegue traduzir um poema?Esse poema [da Sequência de Bilbau, em "Silabário"] chama-se "Arrigorriaga", que em basco quer dizer "pedra de fogo". A minha paixão por essa parte de Espanha tem a ver com Unamuno, e esse poema corresponde a uma saída ao amanhecer de Bilbau. Nesse tempo ainda havia a mística da ETA, convivi com muitos jovens que a tinham. Bilbau era uma cidade eminentemente trabalhadora e íntima, onde as raparigas, nos jardins e nas pastelarias, e os homens, nas imensas tabernas que existiam, se juntavam e discutiam política. Eu ficava ali com um livro, a ouvir as conversas.Nunca pensei nesse verso em relação ao que é a tradução.Quando soa mal, quando há uma nuance que não se consegue. Em Setembro de 80, num dia só, consegui traduzir 17 sonetos de Quevedo. Depois cheguei a um que, desde esse dia até hoje, não consegui traduzir. E o Quevedo não é um estilista requintado, como é, por exemplo, o Góngora. Com o Jorge Manrique, andei cinco ou seis anos em volta das "Coplas" a pensar que nunca seria capaz de as traduzir. Até que na Universidade Complutense assisti a uma aula sobre as "Coplas" e descobri: eu sou capaz de traduzir isto. Peguei nelas e traduzi-as num dia ou dois.No momento da criação, não há um exterior. Mas quando prepara uma obra para publicação - seja de poemas seus, seja de traduções - pensa nos leitores, a quem se dirige? Que retorno, que eco tem?Quando escrevo, não estou a dirigir-me a ninguém. Quanto à publicação das traduções, o eco ultrapassa largamente as minhas expectativas. Tive a sorte, a certa altura, de encontrar editores como o José Cruz Santos, na Inova, Manuel Hermínio Monteiro, na Assírio & Alvim, Francisco Vale, na Relógio d'Água, André Jorge, na Cotovia, que publicaram sobretudo não aquilo que eles queriam mas aquilo que eu quis. E não gostaria de abusar muito mais da paciência das pessoas, de entrar numa superprodução. Vou traduzir o Unamuno e não muito mais.Pode-se dizer que esta é a obra que culmina o trabalho de uma vida?Não, acho que não. A Antologia do "Siglo de Oro" foi longamente projectada, mas esta não, o projecto não tem mais de quatro anos. Pensei que seria interessante fazer um percurso da Idade Média - período que nunca tinha abordado - ao "Siglo de Oro". Tinha muitas coisas da Idade Média, e, em relação ao Siglo de Oro, a questão era: agora vou fazer uma escolha de segunda?Optou por uma solução de compromisso, recuperar poemas já publicados e acrescentar inéditos.Sim, retomo os poemas realmente incontornáveis. E depois pensei: já agora vamos até ao século XIX. Alguns críticos dizem que os séculos XVIII e XIX foram muito pobres. Mas havia poemas que se podiam recuperar destes séculos, e eu comecei a tentar sistematizar o trabalho - não sou nada metódico, faço as coisas como uma construção de "legos", vou pondo as peças, mas há uma altura em que se tem de sistematizar. Falei ao Hermínio [Monteiro, então editor da Assírio & Alvim], que foi logo muito receptivo à ideia, e projectei a coisa para 800 páginas. Quando entro nessa fase, calculo as coisas ao milímetro, o espaço a dar a cada autor, etc...Os autores que ocupam mais espaço nesta antologia acabam por ser todos do Renascimento ou do "Siglo de Oro": Manrique, Garcilaso, Frei Luis de León, Francisco de Aldana, Góngora, Lope de Vega e Quevedo.Ao fim de 40 anos a traduzir poesia espanhola, o que é que esta nova visão de conjunto, que só não abrange o século XX, lhe revelou?Por exemplo, é interessante como vemos, desde a Idade Média até aos cancioneiros, os caminhos diferentes que seguem a poesia portuguesa e espanhola. Apenas se juntam um bocadinho nas chamadas "carjas" com as cantigas de amigo. Claro que as cantigas de amigo têm uma importância infinitamente superior à das "carjas", até porque possivelmente a maior parte das "carjas" não chegaram até nós e são pequeninas coisas. Mas surgem como um antecedente, entre 1040 e 1200, das cantigas de amigo - o lamento das raparigas pelo amado, etc, etc. Numa época em que a poesia era transmitida muito oralmente, devem ter sido uma influência no cancioneiro galaico-português, como escreveu Alonso.Depois, poesia portuguesa e poesia espanhola seguiram caminhos totalmente diferentes: nós não temos épica, não temos aqueles poemas como "Helena e Maria" [poema de disputa ou debate], "Dança da Morte" [poema didáctico-moral]... Onde é que se reecontram outra vez? No cancioneiro. Os espanhóis com o cancioneiro de Baena, e nós com o Cancioneiro Geral de Garcia de Resende. E desde então seguiram caminhos paralelos.A nossa poesia renascentista - Camões e outros - deve bastante a [Juan] Boscán e Garcilaso [de la Vega]. Creio que Camões deve mais ao Boscán em quantidade, e em qualidade ao Garcilaso. Claro que todos eles devem a poetas como Petrarca.No renascimento e no maneirismo, a poesia portuguesa não me parece inferior à poesia espanhola. No Barroco, é que a poesia espanhola deu o grande salto: nós não tivemos um poeta como Quevedo, ou - com toda a sua monumentalidade e toda a sua caliça, digamos assim - como o Lope de Vega. Nem tivemos um teatro português, além do Gil Vicente. Enquanto eles tiveram o prodigioso teatro do Lope, do Caldéron, etc. Prosseguindo o contraponto com a poesia portuguesa, temos um século XIX mais forte...No século XIX, a poesia portuguesa é muito superior à espanhola, sem dúvida nenhuma. Eles não têm um Antero de Quental - o eco de Antero vai-se produzir neles com Unamuno, já no século XX -, não têm António Nobre, Cesário Verde, Gomes Leal. Os únicos que os salvam são [Gustavo Adolfo] Bécquer e Rosalía [de Castro]. A Rosalía escreveu em galego, mas tem um grande livro em espanhol que vai influenciar o Juan Ramón, o Antonio Machado, muitíssimo o Unamuno.É vista como uma galegazinha, que costurava e tinha meninos. E cantava as gaitas de foles, e essas coisas todas, o que é uma ideia completamente errada.Como se explica essa quebra na poesia espanhola do século XIX?A Espanha teve então uma instabilidade enorme. Começou com as invasões napoleónicas, que criaram muito mais problemas em Espanha do que em Portugal. Basta dizer que os espanhóis tiveram a governá-los vários anos um irmão de Napoleão, o que foi acompanhado por uma guerra de guerrilhas contra os napoleónicos. Entre os próprios escritores havia grandes divisões. Seguem-se reinados de grande instabilidade. Tiveram até de ir buscar um rei a Itália, um filho de Vittorio Emmanuel, que aguentou um ano. Depois chegou a haver uma república, e seguiram-se as guerras carlistas, que ainda apanharam Miguel de Unamuno. Tudo isto não foi muito frutuoso para a poesia. No final do século, foi mais frutuoso para a prosa, dando o Benito Pérez Galdós, etc.E o renascimento da grande poesia espanhola dá-se no século XX.Que é o novo "Siglo de Oro". Primeiro com Antonio e Manuel Machado, Juan Ramón Jiménez e Unamuno. E depois com a geração de 27 [Salinas, Guillén, Aleixandre, Cernuda, Albertí, Lorca] e muitos que vieram a seguir. Não, não. Aguenta muito bem o embate com o espanhol. Não diria que é inferior. Seguem caminhos diferentes. A não ser Pascoaes com Unamuno, que têm uma filiação parcialmente comum, embora o Pascoaes fosse muito mais visionário, e o Unamuno muito mais com os pés metidos na lama, com muita poesia cívica, sobretudo na parte em que vai para o exílio.O conhecimento mútuo tem funcionado mais de Espanha para Portugal - a começar pelas suas traduções - do que ao contrário. Os espanhóis têm muito mais dificuldade em ler português do que nós temos em ler espanhol.Mas não só. Traduzem-nos menos. Pensando nos poetas contemporâneos, estão acessíveis em Espanha Sophia, Herberto, Ramos Rosa, Ruy Belo, Luiza Neto Jorge, Jorge de Sena...?Eugénio de Andrade sim, Fernando Pessoa também, às vezes muito mal traduzido... Ramos Rosa tem livros inteiros traduzidos, Pessanha e Sá-Carneiro foram traduzidos, não sei se bem. Da Sophia, ignoro se há uma antologia, de Ruy Belo há um projecto para tradução, o Sena está pouco traduzido..., o Nemésio é totalmente desconhecido, o Herberto também está longe de ter a atenção que merece... Os portugueses, de modo geral, têm muito mais curiosidade por tudo o que é estrangeiro do que os espanhóis. Em Espanha vai-se a uma livraria e raramente se vê um livro que não seja em espanhol.

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