Torne-se perito

RTP à medida de Rangel

A televisão pública estreia hoje uma nova imagem e estratégia. As apostas mais visíveis desta "RTP à Rangel" são a informação e o entretenimento, continuando o desporto a ter um lugar privilegiado. O apregoado - e esperado - "renascimento" passou também por uma operação de cosmética no grafismo e nos cenários. Para mostrar que a imagem se quer mesmo nova, as caras deste arranque são as das recentes aquisições da 5 de Outubro: Alberta Marques Fernandes estreia o cenário a partir das 7h00 com o programa Bom Dia Portugal e, à noite, para o Telejornal, a mesma cadeira é ocupada por José Alberto Carvalho. José Rodrigues dos Santos só aparecerá na próxima semana, para alternar com o outro José, o Alberto Carvalho, na apresentação das notícias da noite. Quanto às outras figuras da casa, Judite de Sousa continua a assegurar o Grande Informação, e Fátima Campos Ferreira deverá estrear proximamente um projecto na mesma área. Carlos Daniel - que depois da passagem pela SIC voltou à RTP no início do Verão do ano passado - permanece ao leme do Jornal da Tarde, a partir dos estúdios do Porto.O entretenimento é outra linha importante desta fase da RTP. Jorge Gabriel, também ex-SIC, vai apresentar o concurso Preço Certo, em euros, e Camilo de Oliveira traz a sua Fábrica de Anedotas. Um e outro juntam-se a Fernando Mendes, presença já habitual no ecrã da estação. O desporto, sinónimo de audiências, é considerado também um vector fundamental da estratégia de Rangel, mas das mudanças nessa área ainda nada se sabe.A aposta na informação não se fica pelas caras. Desde há dois meses que na 5 de Outubro se prepara o novo cenário para os espaços informativos. O novo estúdio servirá, nas palavras de António Polainas, um dos arquitectos responsáveis pela sua concepção, para todo o tipo de programas de informação dada a sua versatilidade e equipamento.O estúdio está instalado no rés-do-chão, no local para que estava destinado o projecto de informação para o Canal 2 - que ficou suspenso quando Emídio Rangel assumiu o cargo de director de antena da estação pública, no início de Outubro. A primeira impressão é de que o espaço, em forma de L, é exíguo e acanhado, sobretudo porque o pé-direito (altura) é muito baixo. Essa ideia é reforçada pela predominância das cores fortes na decoração, desde o azul escuro do chão aos tons de castanho da madeira, das cadeiras e dos painéis das paredes. António Polainas garante que com a luz dos projectores tal impressão desaparece.No mesmo espaço coabitará o estúdio informativo, uma redacção dividida pelas duas pontas do L, e a "regie". De realçar que esta redacção, para 35 pessoas, foi propositadamente construída para este local - com tudo novo, desde os computadores aos telefones, passando por todo o mobiliário - e que o resto da redacção continuará no seu lugar habitual, noutro ponto do edifício. Assim, tal como já acontece nos canais privados, os telespectadores poderão ver o "pivot" e, ao mesmo tempo, o bulício da redacção - ou pelo menos que estão lá pessoas, já que os quatro metros que separam o "pivot" das outras mesas não permite muita agitação, não vá o apresentador distrair-se. António Polainas prefere dizer que "não há estúdio e não há redacção enquanto espaços distintos e divididos. Há um grande centro de produção de informação, uma praça da informação, onde o público vê os profissionais a trabalhar."A cerca de uma dezena de ecrãs, em plasma ou para projecção, espalhados pelo espaço permitem criar, se necessário, diversos pontos de intervenção, seja para introduzir um exterior ou apresentar a meteorologia. E o caminho do apresentador está assinalado no chão, através de fibra óptica, por centenas de minúsculos pontos de luz intermitente.A grande mesa do "pivot" ocupa o centro do estúdio. Apesar do seu já considerável tamanho, pode ainda ser "esticada" para albergar até sete pessoas. É, ela própria, um autêntico centro de informação: dispõe de dois monitores de computador, sete pequenos ecrãs plasma e até uma impressora. Colocada sobre um palco redondo e rotativo, a mesa pode ser adaptada a pelo menos meia dúzia de fundos diferentes, consoante o tipo de programa que se quiser fazer. "Normalmente, há uma frente de câmaras para o apresentador, a chamada realização em linha, ao passo que este permite a realização em 360 graus e as câmaras têm um grande poder de movimento", explica António Polainas.Além da cenografia, a RTP estreia hoje também um novo grafismo. Os logotipos de linhas geométricas dos dois canais dão lugar a símbolos de formas mais arredondadas. A linha gráfica foi criada por Nicolau Tudela e "abrange tudo o que é a imagem do canal, desde o genérico da informação aos separadores e quadros de programação, passando pelos logotipos e até a música"."Peguei nos quatro elementos da natureza - fogo, terra, ar e água - para basear toda a imagem", explica o designer. Tal explica, por exemplo, as filmagens no quartel dos Sapadores de Alvalade, com um engolidor de fogo, onde foram captadas as imagens, por exemplo, da bola de fogo que representa a Terra, no genérico do Telejornal. Ou do "splash" de água que enche o logotipo. "Os quatro elementos da natureza serão usados consoante a hora e o tipo de programa. Assim, as cores mais fortes (da terra e do fogo) são para o fim da tarde e a noite e para anteceder a informação, ao passo que as mais suaves (da água e do ar) serão usadas durante a manhã e a primeira parte da tarde, para o lazer e a descontracção, com o entretenimento", descreve Nicolau Tudela.A campanha publicitária com figuras públicas que dão ou vão passar a dar a cara pela RTP saiu para a rua há uma semana. Pedro Nunes Pedro, director de marketing da estação explica que a intenção é "passar uma imagem de uma RTP mais emotiva e, em vez de promover programas, promover pessoas".

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