Torne-se perito

Ediberto sai da SIC em guerra aberta

Ediberto Lima anunciou ontem que deixou a produção do programa O Bar da TV, por sua iniciativa, por discordar do formato. A SIC, por seu lado, divulgou um comunicado afirmando ter sido ela a rescindir o contrato com o produtor. Acaba assim, em guerra aberta, uma colaboração de sete anos com o canal de Emídio Rangel. Durante a tarde de ontem, Ediberto Lima recebeu um fax da emissora comunicando-lhe que o Big Show SIC já não seria transmitido no próximo domingo.Foi com um discurso a transbordar de moral que Ediberto Lima explicou ontem à tarde aos jornalistas que, ao contrário do que a SIC afirma, "não foi convidado a sair", mas que ele próprio se demitiu do programa na segunda-feira à tarde, "por não concordar com o formato" que está a ser adoptado.Na noite de sábado, a concorrente Ana Raquel levou para dentro de casa o namorado, que estava no bar, com a autorização de um elemento da produção, aparentemente sem o conhecimento de Ediberto Lima. Este garante que só soube do caso ao início da manhã de domingo, "já com o acto consumado", e depois de pedir explicações a Ana Raquel - "na frente das câmaras, com autorização dela" -, decidiu que ela deveria ser expulsa. Nesse dia à noite, Ediberto afirmou, perante as câmaras, não concordar com o que se estava a passar no programa.Embora garanta que o seu afastamento do Bar da TV se deve ao facto de ter havido sexo dentro da casa com um elemento alheio ao programa, Ediberto Lima reconhece que tal situação está autorizada pelo regulamento. "A pessoa que autorizou a entrada do rapaz fê-lo baseada no que está no formato sueco. Mas foi contra os meus princípios, apesar de ser permitida a entrada na casa em qualquer circunstância. O regulamento é que está errado porque é para a Suécia, não para Portugal". Segundo ele, a responsabilidade de estabelecer normas adequadas à realidade portuguesa cabia "exclusivamente à SIC e à empresa argentina que detinha os direitos de emissão, a Cuatro Cabezas".Então, repetindo os princípios morais que já tinha dito em directo, Ediberto afirma não poder pactuar com o que se tem passado. "O programa é O Bar da TV, não é o Bordel da TV. Não posso admitir que levem alguém lá para dentro para fazer sexo. Aquilo virava um bordel. Seria acusado de proxeneta e gigolo", afirma Ediberto Lima. Mas também vai dizendo que "se houvesse sexo entre as pessoas da casa seria perfeitamente normal". E seria exibida sob a sua responsabilidade, com a sua autorização? "E por que não?", responde o produtor.O causador de toda a confusão foi Old Soares, adjunto de Ediberto. O homem que deu o tão polémico "sim", defende-se dizendo que autorizou "como qualquer outra pessoa da produção o faria. Está no regulamento". Mesmo depois desta pequena "traição", Old Soares vai continuar na equipa de Ediberto.Na madrugada de ontem, contou o produtor brasileiro, um elemento da direcção de produção da SIC ligou-lhe dizendo que "Emídio Rangel tinha dado ordens que não queria ver mais ninguém da Ediberto Lima Produções na Bar da TV". Por isso, pelas 6h00, toda a equipa da empresa estava já fora do Armazém F, onde decorre o programa. No bar e na casa ficaram, no entanto, todas as câmaras e metade do equipamento audio e de luz, que pertencem à produtora. Ediberto recusa-se a falar em dinheiro, mas espera que a SIC lhe pague as facturas que faltam pela produção do programa e que passe a pagar uma renda pelo material que lá ficou.Quem está agora a mandar no Bar da TV são, nas palavras do produtor brasileiro, as empresas argentinas Cuatro Cabezas e Ideias del Sur, e a espanhola Morena Filmes. A quem Ediberto não perdoa o facto de terem ganho muito poder nas últimas semanas. E queixa-se: "A SIC dava total apoio aos argentinos. Eu recebia as cassetes 20 minutos, e até menos, antes de irem para o ar. A nossa equipa tinha que pedir autorização para falar com os concorrentes. (...) Agora, nós só cuidávamos dos eventos e os argentinos definiam tarefas e brincadeiras, a edição e a pós-produção." No início, a Cuatro Cabezas só estava encarregue da assessoria.Durante sete anos, Ediberto Lima foi o principal produtor do canal de Carnaxide, "não por imposição, mas por pura opção". Agora mantinha em antena apenas O Bar da TV e o Big Show SIC. "As nossas relações sempre foram boas. Os problemas começaram quando a SIC se comprometeu a dar-nos o programa e a meio nos desautorizou e passou a dar todas as condições a uma empresa argentina".Capítulo encerrado (ou quase) na SIC, Ediberto pensa agora no passo seguinte. Na segunda-feira à tarde, quando saiu da reunião com Emídio Rangel, Ediberto já tinha, segundo ele, "dois possíveis contactos com duas emissoras diferentes". E em carteira, afirma, tem uma dúzia de produções.Mas quanto ao Bar da TV deixa no ar algo parecido com um "cenas do próximo capítulo": "Está a acontecer lá dentro algo que ainda não se sabe, mas que eu vou descobrir..."

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