Praias de Vila do Conde estão a ficar pequenas

O presidente da Câmara de Vila do Conde, Mário de Almeida, enviou recentemente um ofício ao secretário de Estado da Administração Portuária a solicitar a realização de um estudo sobre as causas do avanço do mar sobre as praias locais, que têm vindo a perder areia e a ficar mais estreitas. Mário de Almeida exortou José Junqueiro a tomar medidas "com urgência", dado que o fenómeno já provocou danos na marginal e estão em causa praias bastante procuradas no Verão, sendo que os banhistas são uma importante fonte de receitas para o comércio local.Há cerca de duas semanas, a violência das ondas fez ruir parte dos muros de suporte e do pavimento da Avenida de Manuel de Barros e só com a mudança das condições atmosféricas é que o mar deu tréguas e inclusive começou a repor um pouco do areal. Por isso, na semana passada, a câmara municipal decidiu reabrir aquela artéria ao trânsito automóvel mantendo, no entanto, os avisos de precaução para os peões.No entender de Mário de Almeida, "o mar nunca tinha chegado tão perto da costa", desde que a avenida foi construída, "há cerca de 50 anos". Aliás, a estrada foi feita em cima de areia, já que, naquela época, a praia prolongava-se até uma zona de concentração de penedos, hoje totalmente submersa. O muro foi assente na vertical, ao longo de cinco metros, na areia e sem base de sustentação. Possivelmente, os responsáveis pela obra nunca imaginaram que o mar pudesse um dia acercar-se tanto da costa e derrubar os alicerces do muro.Neste aspecto, o litoral da cidade de Vila do Conde tem sido particularmente flagelado. Há dois anos ocorreu uma situação semelhante um pouco mais a norte, mas a colocação de uma espécie de pará-choques constituído por enormes pedregulhos tem garantido a sustentação do muro e da estrada. Mesmo assim, o areal tem diminuído a olhos vistos. Por coincidência ou não, enquanto neste concelho há preocupação pela falta de areias, no vizinho da Póvoa de Varzim já se começa a lamentar o excesso de areias... O capitão do porto poveiro, Matos Simões, confirmou ao PÚBLICO que a entrada da barra está a ficar assoreada, o que provoca um aumento da rebentação de ondas na porta de entrada dos barcos. "Se o problema não for atacado de imediato, a entrada do porto pode tornar-se difícil", afirmou Matos Simões. Recorde-se que, durante muitos anos, o porto local estava quase sempre assoreado até que, em 1998, foi efectuada uma dragagem gigantesca.Previa-se que metade dos inertes extraídos fosse utilizada na reposição do areal das praias de Vila do Conde, mas Mário de Almeida tem dúvidas que essa operação tenha decorrido com base em conhecimentos técnicos dos caprichos do mar, daí que o autarca tenha solicitado ao secretário de Estado a "maior celeridade possível" na realização do estudo do problema. As praias citadinas de Vila do Conde estão sob a jurisdição do Instituto Portuário do Norte e o empenho de José Junqueiro pode ser essencial para a rápida identificação das origens da erosão.Enquanto isso, o líder da autarquia vila-condense tal como o seu congénere da Póvoa de Varzim, Macedo Vieira, defende a colocação de uma draga, em regime de permanência, no porto da Póvoa. Assim, sempre que se verificasse uma redução da quantidade de areia haveria uma forma rápida de reabastecer as praias.À medida que o tempo vai passando, Mário de Almeida teme que a erosão retire a "qualidade que é reconhecida às praias" locais. Nesse sentido, aguarda que o gabinete do arquitecto Siza Vieira termine o estudo para a Avenida de Manuel Barros e na próxima época balnear deve ser colocada uma estrutura de madeira nas zonas que ruíram. Será uma medida provisória, dado que no âmbito da execução do Polis-Programa de Requalificação Urbana e Valorização Ambiental de Cidades, a estrada em causa vai ser eliminada, sendo substituída, um pouco mais a nascente, por uma passagem para peões e uma pista para bicilcletas. As obras do Polis devem arrancar, segundo Almeida, no final deste ano.

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