Estádios prontos em Setembro de 2003

O ministro Fernando Gomes e a administração da Euro 2004 SA tomaram ontem o pequeno-almoço com jornalistas para explicar que os prazos estão a ser cumpridos e que o obkectivo é ter os estádios todos prontos em Setembro de 2003. Quanto ao Estádio da Luz, pode ficar de fora - há a ideia de que até Março tem que assinar o contrato-programa com o estado.

"Nós queremos ter todos os projectos de construção dos estádios aprovados até Março de 2001 e os estádios prontos em Setembro de 2003", disse Gilberto Madaíl, presidente da Federação Portuguesa de Futebol e do Conselho de Administração da Sociedade Euro 2004 SA, num pequeno-alomoço que juntou, no Hotel Altis, o ministro da tutela Fernando Gomes, os administradores da Euro 2004 (Basto Lima, António Laranjo, Paulo Lourenço e Ângelo Brou além de Madaíl) com representantes dos órgãos de Comunicação Social. A ideia do encontro foi de transmitir a ideia de que em relação á organização do Campeonato da Europa de futebol de 2004 "tudo está a correr dentro dos prazos", como disseram quer Gilberto Madaíl quer Fernando Gomes, desfazendo a ideia de que as coisas estão atrasadas como defenderam quer o presidente da Liga Valentim Loureiro quer o próprio bastonário da Ordem dos Engenheiros. Isto a poucos dias de a UEFA iniciar uma visita a Portugal em que falará, nomeadamente, com todos os donos dos estádios que se candidatam, incluindo o Benfica. A visita começa a 19 e acaba a 22 deste mês. "Isto é uma organização nacional e precisamos do apoio de todos", apelou o presidente da FPF, defendendo ainda que o Euro não é só para o futebol: "Em Aveiro, por exemplo, a construção do estádio vai permitir a criação de um novo pólo urbano".É que dos dez estádios previstos no "dossier" de candidatura, há um problema: o Estádio da Luz. O Benfica apresentou uma primeira candidatura para o seu estádio na ordem dos 4,2 milhões de contos, assinando o protocolo de acordo com o Estado que integrou o "dossier" de candidatura, mas depois disso fez diversas revisões dos seus projectos e planeia obras no valor de 14,2 milhões de contos."O Benfica, ao contrário dos outros donos dos estádios, não assinou o contrato-programa com o estádio, pelo que neste momento está fora do âmbito da Euro 2004. Porque a Euro 2004 SA é uma empresa que ajuda os donos dos estádios que assinaram o contrato-programa e que analisa as especificidades dos estádios que a UEFA exige. Por isso mesmo tive reuniões, na qualidade de presidente da Federação, com o sr. presidente do Benfica e ele apresentou-me um projecto de 14,2 milhões de contos. Pedi à Euro 2004 para analisar esses documentos e, à primeira vista, há ali despesas que não serão elegíveis para o campeonato da Europa", disse Madaíl, para António Laranjo, da empresa que coordena a organização da prova acrescentar: "O sr. dr. Vale e Azevedo não deve ter percebido bem o que é o caderno de encargos para o Euro 2004. Os 14,2 milhões de contos incluem remodelação de instalações no Estádio da Luz para as casas do Benfica, para o Museu do Benfica, para o SL e Saudade e várias outras que não são, seguramente, necessárias para o Campeonato da Europa". Instados a marcar uma data a partir da qual o Euro 2004 deixará de contar com o Estádio da luz, Gomes e Madaíl não foram taxativos. "Se o Estádio da Luz - disse o ministro - fosse absolutamente necessário para a organização do Euro, esta situação já teria que estar resolvida. Mas ter ou não ter o Estádio da Luz não põe minimamente em causa o sucesso da organização, a não ser pelo seu simbolismo. Mas nós indicámos dez estádios, quando a UEFA só impõe oito, e temos uma folga de 20 por cento para qualquer necessidade. Para além de que, em caso de necessidade, há um plano para colocar o Estádio Nacional operacional. Esperemos que não seja necessário, claro". Gilberto Madaíl foi um pouco mais longe: "O sr. dr. Vale e Azevedo disse-me que tinha uma linha de crédito de nove milhões de contos para a construção do estádio. Vamos esperar por esta reunião com a UEFA, que também vai receber o Benfica. Se quer uma data-limite é a de Março, porque pretendemos que em Março estejam todos os projectos concluidos". O problema, pelo que se depreende, é que o Benfica ainda não apresentou projectos concretos e devidamente orçamentados. "Pretendemos que o lançamento das obras a concurso se faça nesse primeiro trimestre de 2001. Se o Estádio da Luz não tiver sido objecto de contrato-programa, nesse caso ficaremos com nove estádios", disse Fernando Gomes. Em relação às hipotecas que impendem sobre o complexo, quer o ministro quer Madaíl disseram que, pela informação de Vale e Azevedo, trata-se de um problema ultrapassável com o acordo da Câmara Municipal de Lisboa.De resto, Fernando Gomes e Madaíl defendem que todos os problemas burocráticos estão a ser devidamente ultrapassados. "Havia, por exemplo, o problema das acessibilidades dos estádios, que não estavam sequer previstas na candidatura. Quem é que pagava - os clubes ou as Câmaras? O Conselho de Ministros já desbloqueou um financiamento de dez milhões de contos a fundo perdido a que as Cãmaras podem recorrer", disse Gomes. Se o Euro 2004 induz 200 milhões de contos de investimento (60 para os estádios, 85 para infra-estruturas e 55 para hoteis, zonas comerciais e lazer) o ministro admite que pode haver algum aumento de custos em relação aos 15 milhões de contos de subsídio do Estado para a construção dos estádios. "Por exemplo, o Sporting aumentou o número de lugares de 40 para 52 mil e nós assumimos a comparticipação inerente". No final de Agosto foi criada uma Comissão Inerministerial para "agilizar os processos" que tenham em vista o Euro 2004 e Fernando Gomes diz que o prazo de 42 meses de que falaram o bastonário da Ordem dos Engenheiros e Valentim Loureiro, como necessário desde o início de um projecto até á sua conclusão "é absolutamente irreal".

Sugerir correcção