Nova cidade nasce em Valongo

Centena e meia de hectares para construir uma nova cidade que pode vir a albergar entre 17 a 20 mil habitantes. É este projecto ambicioso que hoje a Câmara Municipal de Valongo vai apresentar, nos Paços do Concelho, uma obra que se prevê tenha a duração de cinco anos.

Será possível criar uma nova cidade em cinco anos? O presidente da Câmara Municipal de Valongo, Fernando Melo, acredita que sim e hoje mesmo, nos Paços do Concelho, vai ser apresentado o projecto de construção de um complexo urbanístico que pode fixar entre 17 a 20 mil pessoas e pretende fundar uma nova centralidade em Valongo. Paços do Concelho, fórum cultural, Palácio da Justiça, complexo desportivo, biblioteca nacional, escolas básicas e secundárias e uma universidade são alguns dos novos edifícios a serem construídos.Segundo os indicadores urbanísticos a que o PÚBLICO teve acesso, a área total do terreno é de 150 hectares - a maior parte dos quais antiga zona de minas -, atravessando as freguesias de Alfena, Campo e Valongo, numa extensão de sete quilómetros. Sendo este um empreendimento conjunto de investidores privados e da Câmara de Valongo (ver texto em baixo), a parte entregue ao domínio público vai ser de 215.900 metros quadrados - áreas verdes e áreas destinadas a equipamentos e espaço público.Para melhor enquadrar a nova cidade, serão feitos melhoramentos na rede viária, já que a actual Valongo e o futuro complexo estão seccionados pela Autoestrada Porto-Braga (A4). Para contrariar essa divisão, haverá uma via que atravessa inferiormente a A4, estando planificadas também ligações directas ao IC24 (que faz a ligação a Matosinhos), A4 e A3 (Porto-Braga).Haverá ainda alternativas à EN15, via que atravessa a cidade e congestiona o centro de Valongo. A construção de uma variante a norte e a nascente, uma circular exterior e uma outra ligação Norte-Sul são as grandes propostas do executivo valonguense.A área em que vai ser levado a cabo este projecto está dividida em quatro partes, duas das quais estão limitadas em termos de construção. Assim, no designado "espaço florestal de produção condicionada" é proibida qualquer edificação, enquanto no "espaço florestal de produção" só é possível a instalação de equipamentos de interesse municipal. Na "área urbanizável" e no "espaço de recuperação" ficarão localizados os edifícios de habitação, comércio e serviços.O coração desta nova cidade vai ficar enquadrado na zona dos edifícios dos Paços do Concelho, do Fórum Municipal e de um centro comercial, debaixo dos quais estará um parque de estacionamento. Esse foi o local escolhido para praça principal, que fará fronteira com uma avenida arborizada ("boulevard") que atravessa toda a nova cidade. Para contrariar a tendência de colocar espaços verdes entre edifícios, o projecto contempla uma enorme zona arborizada, que será pontuada por equipamentos - interligados por caminhos pedonais e pistas para bicicletas, o mesmo se aplicando às vias que atravessam a cidade no sentido longitudinal.Caso seja concretizada a intenção de levar para Valongo uma instituição de ensino superior, esta vai ficar localizada a sul, na zona de maior densidade habitacional, junto da qual vão ficar uma escola do ensino básico e uma biblioteca nacional. Ao longo do "boulevard", só serão permitidos edifícios com dez pisos, enquanto a zona norte se destina a moradias unifamiliares, geminadas e isoladas.Valongo pode, portanto, entrar na história com a construção de uma cidade de raiz. Para já, os primeiros passos foram dados com o arranque das obras na Quinta da Lousa, mas, se tudo correr conforme o previsto, dentro de cinco anos haverá uma nova cidade em Valongo.

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