Um grupo de especialistas portugueses imaginaram como será uma jovem de 24 anos em 2068: tem as medidas perfeitas (a cirurgia é um bem de consumo banal), pratica Ciberstep, gosta de ir ao hologramotograto (o cinema do futuro) e ouve de preferência etno metal ou ciberjazz. O perfil pode ainda não ser real, mas é, pelo menos, virtual. Foi criado para a primeira boneca virtual portuguesa, Wanda de seu nome.

Wanda tem 24 anos e é uma boneca virtual portuguesa. A primeira do género em Portugal e na Europa, dizem os seus "pais". Estreou-se na semana passada nas manhãs da RTP1 como "a menina do tempo" no programa Hora Viva. Antes mesmo de Ananova, a rapariga virtual que dá notícias num "site" britânico.A informação sobre o tempo do programa Hora Viva-Segurança em Directo da RTP1 passou, desde a semana passada, a ser dada por Wanda, uma boneca virtual criada para o efeito pela produtora do programa, a Duvídeo. "É a primeira figura do género em Portugal que concilia as técnicas de animação e as de informática", explicou ao PÚBLICO Tiago Franco, coordenador do projecto que envolveu uma equipa de sete pessoas entre designers, músicos, programadores e técnicos de vídeo. Para criar a boneca (e conseguir que ela falasse sobre o boletim meteorológico), foi gerada uma base de dados com todas as previsões atmosféricas possíveis, em som e imagem, sem contar com os cenários que são virtuais. O trabalhou passou pela utilização de um "software" para o desenvolvimento de personagens e para a coordenação dos movimentos labiais com o som. O tempo foi o alvo da primeira experiência, mas Wanda poderá também dar conta de sugestões de lazer, por exemplo. "O boletim meteorológico foi o pretexto para para que a boneca tivesse para dar uma informação actualizada diariamente", justifica Tiago Forte, sublinhando no entanto que "se ela desse as notícias poderia chocar as pessoas". Mesmo a Ananova, boneca virtual britânica lançada esta semana, é "pivot" de noticiários só na Internet e não na televisão. Longe de ser uma figura acabada, Wanda vai sofrer evoluções já nos próximos dias. A roupa e acessórios passarão a ser mudados conforme o tempo que faz e, brevemente, irá interagir mais com os apresentadores reais do programa. Além da criação gráfica, a equipa teve de imaginar um perfil, uma necessidade que, segundo Tiago Forte, tem a ver com melhor aceitação por parte do espectador. O projecto demorou mais de seis meses a executar e os responsáveis estabelecem uma diferença em relação a uma outra boneca virtual que participava num programa de informação da RTP, afirmando que essa figura foi feita com um sistema de captura de movimentos, bem diferente do utilizado em Wanda. A Duvídeo preferiu lançar Wanda no ínicio da semana passada para se antecipar à apresentação de Ananova, a ciberjornalista virtual concebida a partir da imagem de Victoria Beckham, uma das Spice Girls. Ananova foi um êxito logo que se apresentou na internet (www.ananova.com). A sua entrada em funções na passada quarta-feira provocou, desde logo, um grande engarrafamento do sistema, tantas foram as pessoas que quiseram entrar no endereço da nova "pivot" televisiva. Criada por uma agência de informação britânica, a Press Association, Ananova propõe-se apresentar todo o tipo de notícias ininterruptamente. A sua concepção durou um ano de trabalho minucioso e apresenta um encanto especial: para além dos seus cabelos azuis, fala com um sotaque em que mistura a acentuação britânica e americana, considerado agradável por estudos de mercado. "A ideia era criar uma personalidade global, credível e simultaneamente distinta", explicou o líder da equipa criadora, Mark Spanton. Depois da internet, Ananova aparecerá nos telemóveis.Por enquanto, este serviço está apenas disponível em inglês, mas de futuro poderá ser difundido noutras línguas. Até porque a concorrência prepara-se para apresentar outras ciberapresentadoras: o canal britânico privado Channel 5 vai lançar a sua própria apresentadora virtual muito brevemente, com o nome de Vandrea.