IPE vende Efacec ao Grupo Mello

A IPE está prestes a concluir a venda da sua posição de 10,5 por cento do capital da Efacec ao grupo de José Manuel de Mello. A alienação desta participação será feita na Bolsa de Lisboa e aguarda, neste momento, que as duas entidades ultimem os pormenores do acordo. Como que antecipando esta operação, as acções valorizaram-se ontem mais de 35 por cento.

A "holding" estatal IPE-Investimentos e Participações Empresariais está prestes a acordar o negócio de venda da sua participação de 10,5 por cento do capital da Efacec ao grupo de José Manuel de Mello. Ao que o PÚBLICO apurou, faltam apenas limar alguns pormenores da operação, nomeadamente o preço, mas tudo aponta para que o acordo seja anunciado brevemente.A transacção dos 1,450 milhões de acções da Efacec, por enquanto nas mãos da IPE, será efectuada na Bolsa de Lisboa e o seu "timing" está dependente da conveniência para as partes envolvidas. À cotação de ontem - as acções sofreram ontem uma valorização de 35 por cento -, o negócio aproximar-se-ia dos 2,5 milhões de contos. No entanto, dada a repentina subida dos títulos, é de esperar que o preço subjacente a esta transacção seja previamente acordado entre a IPE e o grupo Mello.Contactado pelo PÚBLICO, um porta-voz da IPE confirmou que "existem contactos com o Banco Mello, mas também com outras entidades, e que só depois de concluído um entendimento é que a operação se poderá concretizar". No entanto, fonte próxima ao processo garantiu que, apesar dos vários interessados na aquisição desta participação na Efacec, foi o grupo Mello que passou à fase final das negociações e que o negócio está prestes a ser concluído.Agora que José Manuel de Mello abandonou o sector financeiro e optou por concentrar os seus interesses na área industrial, ganha sentido o interesse deste grupo na Efacec, empresa que se posiciona num sector com elevado potencial de crescimento e que conta já com uma forte presença internacional.A administração da Efacec recusou-se a prestar qualquer esclarecimentos sobre a alienação da participação da IPE.Contactado pelo PÚBLICO, um pequeno accionista da empresa disse "não acreditar que este negócio se faça sem a concordância do grupo" Têxtil Manuel Gonçalves (TMG), que é o maior accionista e já iniciou um profundo processo de reestrutruração da empresa. O accionista acredita que o grupo Mello poderá funcionar como "sleeping partner" da TMG, lembrando, a propósito, que este grupo tem em curso um processo de fusão da área financeira com o Banco Comercial Português (BCP), instituição onde a têxtil detém uma participação importante.Como que antecipando a proximidade deste negócio, as acções da Efacec encerraram ontem nos 8,45 euros, em alta de 35,2 por cento em relação à véspera - na terça-feira, a cotação estabilizou nos 6,25 euros -, tendo sido transaccionados quase um milhão de títulos.No entanto, segundo Júlio Resende, director da Efacec, citado pela Reuters, a forte valorização das acções da Efacec Capital - a cotação subiu ontem mais de 35 por cento - justifica-se pelo facto de o papel se encontrar subavaliado.A IPE já tinha manifestado a sua vontade de desinvestir na Efacec, mas as razões para esta saída não foram objectivamente apresentadas. Foi anunciada, apenas, a intenção da "holding" de vender algumas das suas participações, para apostar em novas áreas de actividade, como o ambiente, a saúde e as actividades recreativas. Há, porém, quem não aceite esta justificação, salientando que o IPE manifestou vontade de sair depois da TMG ter "forçado" a demissão do anterior presidente da empresa, Sabino Marques, a dois meses da assembleia geral. A têxtil nomeou para o cargo um homem da sua confiança, José Morais, processo que terá, segundo aquelas fontes, desagradado à IPE.A TMG é o maior accionista da empresa, controlando, directamente 17,5 por cento. No entanto, tem-se especulado muito sobre a possibilidade de o grupo têxtil deter, indirectamente, uma percentagem maior de capital, perto dos 30 por cento, situação que já motivou a abertura de um processo por parte da CMVM, do qual se desconhecem, por enquanto, quaisquer conclusões.A actividade da Efacec está repartida em quatro áreas de negócio: comunicação, informação - designadamente a produção de equipamentos e sistemas de comunicação -, transportes e logística - com destaque para os sistemas de robótica e automação.No último ano, a Efacec apresentou um volume de vendas de 47 milhões de contos. A empresa possui pólos industriais em Portugal, no Extremo Oriente e América do Sul e detém presenças técnico-comerciais nas principais regiões do mundo.

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