Torne-se perito

SIC vezes três no cabo

"SIC Radical", para jovens, e "SIC Gold", para mulheres e terceira idade, serão os dois canais temáticos que a SIC vai ter no menu da TV Cabo. A eles junta-se ainda o controlo do CNL, que será "completamente alterado". É o acordo entre a estação de Carnaxide e a PT, cujo anúncio pode surgir a qualquer momento. Mas ainda há uns pozinhos na engrenagem.

Uma questão de aparência mais do que de substância estará a impedir a SIC e a TV Cabo de anunciarem publicamente um acordo de parceria estratégica que inclui o Canal Notícias de Lisboa (CNL) e mais dois canais temáticos. As negociações entre a SIC e a PT Mulmédia, detentora da TV Cabo, arrastaram-se durante meses sem resultados muito palpáveis, mas tudo indica que chegaram agora a bom porto com a definição dos termos em que a SIC assume a responsabilidade no CNL e vê outros projectos seus integrar o pacote da TV Cabo. Em concreto, segundo o PÚBLICO apurou, a estação de Carnaxide vai passar a deter 60% do capital do CNL e muito em breve tomará conta do canal "alterando-o completamente". Além desta responsabilidade, a SIC vai ter no menu da TV Cabo dois canais temáticos: o "SIC Radical" e o "SIC Gold", respectivamente dedicados a jovens e a mulheres e terceira idade. Embora tudo que tenha a ver com a substância do acordo esteja definido, em relação ao CNL parecem subsistir algumas divergências entre a SIC e a PT, nomeadamente quanto à mudança ou não de nome do canal e à sua alteração radical em termos de âmbito noticioso, filosofia informativa, linha gráfica, etc. Enquanto a SIC quer "alterá-lo completamente", na expressão de uma fonte conhecedora do processo, a PT "quer salvar a face", evitando que essa alteração surja à opinião pública como "a morte" do CNL e o início de um novo projecto. "SIC Informação" é a proposta de Carnaxide para o "novo" canal, que quer transformá-lo num canal de informação contínua a nível nacional, retirando-lhe a conotação local de Lisboa. A PT tem-se oposto a essa mudança de nome por entender que ela não só poria em xeque o seu projecto original, como poderia colidir com o projecto idêntico em formação no Porto, cujos parceiros são a RTP e a Lusomundo. Segundo apurámos, a PT terá mesmo colocado como condição que o "novo" canal não ponha em causa o projecto do Porto, algo que poderá suceder se a SIC avançar com um canal de âmbito informativo nacional. Recorde-se, porém, que, em declarações públicas recentes, o director da SIC, Emídio Rangel, afirmou que "tudo estava mal no CNL, a começar pelo nome". Em todo o caso, há fortes indícios de que esta questão será ultrapassada e o anúncio do acordo será feito dentro de poucos dias. O presidente da PT, Murteira Nabo, terá mesmo informado alguns dos seus colaboradores mais próximos que o acordo estaria feito e que poderia ser anunciado durante a sua ausência no estrangeiro, donde deverá regressar dentro de uma semana. Por outro lado, na passada segunda-feira, o presidente da TV Cabo, Graça Bau, reuniu todo o pessoal do CNL para lhe comunicar que a SIC entrará no canal entre Março e Abril deste ano. Escusou-se a revelar se haveria despedimentos, mas acabou por confirmá-los indirectamente ao dizer que alguns dos dispensados poderão eventualmente integrar outros canais da TV Cabo. Com estas palavras, Bau estaria provavelmente a pensar nos dois canais temáticos contemplados no acordo com a SIC. Um deles vai chamar-se "SIC Radical" e é vocacionado para o público jovem e para as crianças. A sua programação será dominada por séries infantis e juvenis, por animação e por desportos radicais. Henrique Balsemão, filho do patrão da SIC e produtor do "Portugal Radical", terá um papel importante neste canal. O outro é o "SIC Gold", inspirado em canais idênticos existentes noutros países, vocacionado para públicos femininos e para a terceira idade. Rubricas de utilidades, culinária e quejandos, "talk-shows" género Fátima Lopes, dominarão a programação. Ao avançar com estes canais via TV Cabo, a SIC começa assim a pôr no ar os seus projectos temáticos, inicialmente pensados para uma plataforma digital própria, mas que agora encontram um canal de transmissão bem mais fácil e barato no cabo da PT. Por outro lado, esta primeira colaboração entre a SIC e a PT pode ser uma antecâmara para uma parceria estratégica entre as duas empresas, na qual a PT disponibiliza as tecnologias e meios de distribuição multimedia que possui e a SIC fornece os respectivos conteúdos.

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