Torne-se perito

Século XX em 26 episódios

De há meses a esta parte que uma equipa de jornalistas, documentalistas e historiadores trabalham incansavelmente naquele que é o mais exigente projecto da RTP para este final do milénio: a Crónica do Século. São 26 episódios de uma hora, metade cronológicos, outros tantos temáticos, que vão passar a pente fino os últimos cem anos da história portuguesa.

Maria Augusta Seixas faz parte da equipa de 13 jornalistas da RTP que está a trabalhar praticamente em exclusivo para a Crónica do Século. Tem a seu cargo, como todos os seus colegas, um período específico dos últimos cem anos e, tal como os seus colegas, tem feito a sua busca de testemunhas da vida de Portugal ou parentes próximos, que possam dar conta, de viva voz, da sua fracção de conhecimento do século português. Recentemente, foi à procura de um senhor idoso com quem pretendia falar. Encontrou-o só e doente, na sua casa. A jornalista tomou conta dele, tratou-o e curou-o. Depois fez-lhe a entrevista para o programa.Esta uma das dezenas de histórias que os repórteres da RTP envolvidos no trabalho épico de reconstruir o século XX português, têm vivido. São as estórias que a descoberta da História provocou. O que não admira, tendo em conta o que está em causa para a televisão pública. Diana Andringa, sub-directora de Informação, explica que, para os primeiros 13 episódios, que são essencialmente cronológicos, o quebra-cabeças tem sido encontrar formas de ilustrar o andamento da história e os acontecimentos que mais a marcaram. É certo que a busca pela filmoteca da RTP, Fototeca, Hemeroteca, Arquivo de Imagens Animadas, Arquivo de Fotografia, Torre do Tombo, Biblioteca Nacional e todos os demais repositórios de documentação têm sido passados a pente fino pela vasta equipa de técnicos que está destacada para trabalhar neste mega-projecto. "Mas há coisas que não há forma de reproduzir", explica Diana Andringa, "e é por isso que muitas das cenas tiveram que ser encenadas, ficcionadas", designadamente algumas relacionadas com regicídio. Para além disso, acrescenta, um "número notável de pessoas está a ser entrevistada para esta série". Tantas que "de todo este trabalho irá sobrar imenso material que vai gerar um conjunto de sub-produtos", admite. Aparentemente, o trabalho dos 13 jornalistas e restante equipa (todos os documentalistas e pesquisadores da RTP estão a trabalhar para a Crónica do Século, que conta com três produtoras, Olga Toscano, Alice Milheiro e Ana Pitas), baseado em sinopses elaboradas pelos historiadores António Telo e Fernando Rosas, está a ser tão produtivo que "haverá imensas revelações e lança-se luz sobre inúmeros acontecimentos que nunca ficaram claros ou foram totalmente explicados".A Crónica está dividida em duas séries, cuja unidade estilística e formal está a ser assegurada pelo coordenador da série, José Solano de Almeida. A primeira parte faz o retrato do século português numa óptica cronológica. Cada jornalista tem a seu cargo um determinado período sobre o qual investiga e trabalha para criar um episódio de uma hora. Estão destacados para a série os jornalistas Alberto Serra, Ana Leal, António Alfaiate, António Marques, Carlos Santos Pereira, Fernanda Bizarro, Jacinto Godinho, José Manuel Silva, Márcia Rodrigues, Margarida Metello, Maria Augusta Seixas, Maria Manuela Martins e Maria do Rosário Lopes.A segunda parte tem uma organização temática. São treze episódios dedicados a uma grande tema ou problemática deste século em Portugal. O mundo rural, a condição da mulher, as relações entre o Estado e a Igreja, o desporto de massas, por exemplo, são algumas das grandes áreas que vão ser tratadas na série, cuja data de exibição ainda não está determinada, mas que pode ainda ir para o ar antes do final do ano, antecipando o final do século XX.

Sugerir correcção