Torne-se perito

Tudo em família

O Meu, o Teu e o Nosso é a nova "sitcom" que começou ontem a ser gravada nos estúdios da RTP-Porto. Gira em torno de uma família que, apesar de integrar filhos de diferentes casamentos, consegue realizar um ideal de harmonia. Deverá estrear no próximo Outono em horário nobre.

Mário, advogado, é casado com Laura, tradutora, e ambos têm um filho de doze anos a quem chamam Guga. Por sua vez, cada um deles trouxe para casa um filho de um anterior casamento: Mário é pai do Rui, um rapaz amante do surf, e Laura é mãe da Diana, uma rapariga calma que adora animais. Rui e Diana rondam a mesma idade: dezanove anos. Vive ainda lá em casa a avó Luísa (mãe de Laura) que tem como passatempo favorito navegar na internet. Estas são as personagens principais de uma nova "sitcom" da RTP, intitulada O Meu, o Teu e o Nosso e que começou ontem a ser gravada nos estúdios do Monte da Virgem. No elenco, pontificam alguns nomes bem conhecidos, a par de quatro estreantes absolutos no universo televisivo. No papel da avó cibernauta desta família da "classe média-alta" portuense está a actriz Luísa Barbosa, que volta a contracenar em registo de comédia com o actor Carlos César. Este último surge como o "mau da fita", encarnando o "senhor Deolindo", um pegajoso administrador de condomínio que aparece de vez em quando e é detestado por todos. Como o próprio Carlos César explicou, "o sr. Deolindo é um chato que só está ali para aborrecer as pessoas e criar problemas", ou porque o elevador faz muito barulho ou porque os cães urinam onde não devem. O casal é representado por Jorge Pinto (um actor do Porto que integrou a "sitcom" Clube Paraíso) e Adriana Barral (conhecida pelas suas participações em telenovelas como Desencontros e Roseira Brava). Os mais novos estão agora a ter o seu baptismo de fogo nestas andanças; após um "casting" efectuado entre jovens residentes no Porto e arredores, foram seleccionados Rodrigo Malvar (um jovem que frequenta o 1º ano do curso de Teatro e encarnará o Rui), Joana Antunes (vimaranense de origem e praticante de dança contemporânea), Sérgio Nogueira (que dará corpo ao pequeno Guga, miúdo de onze anos obcecado pelo dinheiro e as diversas formas de o ganhar e gerir) e Rafael Ferreira (que estará na pele do Filipe, o melhor amigo do Guga e presença assídua na residência da família). O elenco será dirigido pelo conhecido actor Orlando Costa. Como frisou o realizador Ângelo Peres, esta "sitcom" é um produto "totalmente nacional", ao contrário de muitos programas do género que correspondem a versões de séries espanholas ou americanas. O guião foi escrito pela dupla Manuel António Pina/Álvaro Magalhães, os mesmos que escreveram "Os Andrades". No entanto, qualquer semelhança entre esta "sitcom" de sabor tripeiro e a série que agora arranca será mera coincidência. Os diálogos e falas não têm, neste caso, qualquer pendor regionalista; como explicou Orlando Costa, a estória passa-se no Porto mas seria imaginável noutra cidade qualquer. Por outro lado, Ângelo Peres refere que houve, desta vez, um maior cuidado ao nível do gosto: "A piada não é dita de megafone e alguns diálogos de piada mais fácil foram retirados. Para mim, aliás, uma sitcom é bem sucedida se provocar um sorriso de vez em quando e a estória proporcionar um momento de prazer". Aliás, há até uma mensagem pedagógica que esta série ajuda a transmitir. Ou seja, as famílias podem viver em harmonia mesmo que não exista uma total consanguinidade. Os conflitos que sucedem nesta "sitcom" são, em regra, provocados por factores externos que, todavia, acabam invariavelmente por ser superados até ao "happy end", quase uma fatalidade neste género de séries. É o que acontece, por exemplo, quando um cliente do Mário (que "é tudo menos um pacato cidadão", como referiu Ângelo Peres) se imiscui no quotidiano familiar ou quando o Guga e o amigo resolvem ter uma "paixoneta platónica" pela mesma rapariga. As gravações da nova série, orçada em pouco mais de 50 mil contos, prolongar-se-ão até finais de Junho, prevendo-se que a estreia coincida com o início da grelha do próximo Outono. Como referiu ao PÚBLICO o produtor Paulo Tavares, da RTP, a ideia é que O Meu, o Teu e o Nosso, com 13 episódios numa primeira fase, venha nessa altura a substituir uma das "sitcoms" actualmente em exibição no horário nobre.

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