Togo à procura da cooperação portuguesa

Algures na costa da África Ocidental, um pequeno país que nos últimos 100 anos já foi administrado pela Alemanha, pela Grã-Bretanha e pela França, pretende agora chamar as atenções de Portugal. Lomé considera que os empresários portugueses têm boas oportunidades de negócio no Togo e podem ajudar o país na sua reforma económica.

O secretário de Estado português dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Luís Amado, esteve no Togo com o presidente do Instituto Camões, Jorge Couto, e com outras entidades no início do mês. E recebeu das autoridades locais uma vasta lista de projectos para os quais Lomé gostaria muito de obter a colaboração de Portugal.A agricultura, a pecuária, as pescas, a saúde e o ambiente são alguns dos sectores nos quais o regime de Gnassingbé Eyadema, há 32 anos no poder, entende que Portugal lhe poderia ser útil, diversificando assim a sua actividade no continente africano.No primeiro caso apresentado ao Governo português, o Togo debate-se com uma insuficiente produção nacional de carne e com a desorganização dos circuitos de comercialização, pelo que gostaria de intensificar e diversificar as suas fontes de produção de bovinos, apoiando os operadores privados e quem lá queira instalar granjas.Num segundo projecto, pretende aproveitar melhor 25 mil hectares de cultura extensiva, nomeadamente com a produção de arroz, aumentar as superfícies aráveis, diversificar as culturas e aumentar o número de ciclos produtivos.Terceiro aspecto dos pedidos de ajuda togoleses é o da reabilitação de antigas barragens e represas no Norte do país, para garantir a auto-suficiência alimentar e a melhoria das condições de vida de uma população que tem um rendimento nacional per capita que ainda nem sequer atinge os 500 dólares.Outro dos temas abordados durante a visita que o secretário de Estado efectuou ao Togo foi a recuperação de 500 hectares de locais de extracção de fosfatos por meio de plantações florestais.Os fosfatos, vendidos ao Canadá, ao Brasil e às Filipinas, são uma das principais fontes do rendimento togolês, mas a sua exploração tem criado zonas de paisagem degradada, com solos impróprios para qualquer actividade humana.Com o apoio de países como Portugal, a República togolesa pretende conseguir uma taxa de crescimento do produto interno bruto superior ao nível de crescimento demográfico, de modo a atingir progressivamente o objectivo de erradicar a miséria, ao mesmo tempo que deseja aumentar as exportações e reduzir o défice da balança comercial.O Governo de Lomé está à espera de que haja portugueses dispostos a trabalhar com ele em diversos domínios, de modo a diversificar os seus parceiros, que têm sido tradicionalmente, nas últimas quatro décadas, a Alemanha, a França e o Reino Unido.A Luís Amado e ao presidente do Instituto para a Cooperação, Eugénio Anacoreta Correia, antigo embaixador em São Tomé e Príncipe e em Cabo Verde, foi solicitada a criação de um quadro de cooperação entre os operadores económicos dos dois países.Por outro lado, Lomé ficaria satisfeita se a ajudassem a construir e equipar escolas, nomeadamente para o ensino primário, de modo a aumentar o nível de alfabetização das suas populações. Mas também gostaria que Portugal lhe fornecesse ambulâncias e camiões-cisterna, para além de lhe electrificar alguns dos seus centros de saúde.Aparentemente, se tanto o Estado como os municípios e os operadores privados portugueses levassem a sério a ânsia togolesa de colaboração, poderíamos muito bem ter ali um novo amigo, numa região da África Ocidental que os navios lusitanos começaram a escalar por volta de 1470, a caminho da foz do Zaire e do Cabo das Tormentas.O Porto Autónomo de Lomé e a zona franca que em 1991 foi criada à volta do mesmo são alguns dos incentivos existentes para quem queira trabalhar com o Togo, actualmente na presidência da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), de que fazem parte - entre um total de 16 países - Cabo Verde e a Guiné-Bissau.

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