Demónios dos ares

Os simuladores de voo atingiram em 1998 uma dimensão única no mercado de jogos. Propulsionados por máquinas mais potentes e com a aceleração 3D a permitir maravilhas outrora impensáveis, poucas foram as editoras que resistiram a incluir um ou mais exemplos do género nos seus catálogos. Computadores experimentou, entre versões finais e betas ainda presas por cordéis, a nata destes programas que continuam a ser olhados como os mais difíceis de criar de todos os jogos de computador.

Uma nova simulação centrada na Segunda Guerra Mundial, "Fighter Squadron - Screamin' Demons Over Europe" tem atrás de si um longo período de execução, obrigatório para a Parsoft, responsável pela produção, mudar da máquina gráfica poligonal usada no simulador do "A-10 Warthog" anteriormente produzido para a Activision, ser substituída por um sistema actual, capaz de rivalizar com os concorrentes, que se contam neste momento por uma mão-cheia, reflectindo uma "febre" de simuladores de voo centrados na Segunda Guerra Mundial.De uma beta ainda pouco convincente em termos de modelo de voo e aspecto gráfico para a versão final já disponível para esta análise, a Parsoft - e Eric Parker, o nome referência da equipa - conseguiram produzir um jogo que se catapulta para um lugar cimeiro no plano gráfico, ao mesmo tempo que oferece opções únicas em termos das simulações de aeronaves dos anos 40. De facto, além dos habituais Spitfire MKIIb, P51D Mustang, Focke Wulf Fw-190A4, Lockheed P-38J Lightning ou Messerschmitt Me-262A, "Fighter Squadron" introduz aviões como o Lancaster MK1, o DeHavilland Mosquito MK V, o B-17G, o Hawker Typhoon MK I ou o Junkers JU-88A4, modelos pouco usuais no catálogo de simulações, excepto, em alguns casos, no clássico Warbirds para jogar na Internet.A exploração dos "cockpits" do Avro Lancaster MKII britânico ou do Boeing B-17G Flying Fortress (e das posições dos artilheiros) são quase só por si razões suficientes para adquirir a simulação, ao permitirem uma diferente apreciação do comportamento dos aviões, mais pesados do que os restantes, e portanto apresentando uma manejabilidade muito diferente daquela a que as simulações de caças nos habituaram. Os conhecedores dos anteriores títulos da Parsoft podem preparar-se para um reencontro - há muito tempo adiado -, com o rigor de emulação da realidade já demonstrado em A-10 e apanágio da equipa de Eric Parker.Com a acção centrada em três frentes de batalha, a região de Dover na Grã-Bretanha, do Reno na Alemanha e o Norte de África, Screamin' Demons (o nome de uma das esquadrilhas seleccionáveis pelo jogador) oferece a possibilidade de voar do lado de ingleses, alemães ou americanos, correspondendo às diferentes aeronaves em parada. As missões, se bem que não baseadas em acontecimentos reais, correspondem a voos-tipo de pilotos de então, e integram o jogador numa esquadrilha cujo quotidiano deve viver ao longo de uma trintena de missões que podem ser jogadas em modo solitário ou em rede na companhia de outros jogadores.A amplitude das opções de configuração de "Fighter Squadron" torna o título utilizável por iniciados ou pelos mais experimentados "pilotos". E os autores incluíram mesmo uma opção de "tomar controlo de qualquer aparelho" que prolonga o tempo útil de voo do jogador mesmo quando a aeronave em que voa é abatida. Basta saltar para outra...Com um sistema de "cockpit" virtual que pode não agradar a utilizadores habituados a outras propostas, mas que cedo revela vantagens, como a rápida opção de diminuir/ampliar o campo visual periférico, "Fighter Squadron" revela-se em uso extremamente elegante, da interface aos gráficos de jogo e secção sonora. É só mais um simulador em torno da Segunda Guerra Mundial, mas algumas das opções que oferece sugerem que se tiver o dinheiro extra para desembolsar não o deve deixar escapar.

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