Países alpinos mantêm estado de alerta

Os ânimos ainda não acalmaram nos países alpinos que foram esta semana afectados por avalanchas de neve. O estado de alerta continua mas não há mais vítimas a registar. Não há notícia de mais portugueses em risco. "Por mais cruel que possa parecer, as avalanchas andam de mão dada com os desportos de Inverno", comentou Andreas Woeegoetter, um economista do Instituto vienense de Altos Estudos. Morreram mais de 30 pessoas na estância austríaca de Galtür e a pitoresca estância tirolesa, assim como a de Ischegl, continuam em máximo alerta, mas o turismo de Inverno na Aústria não parece ter sofrido grandes danos. Pelo contrário, as reservas para Galtür foram sendo canceladas, mas os amantes da neve não desistem das suas férias. Apenas as transferem para outras estâncias. Com excepção das zonas em perigo, os desportos de Inverno estão excepcionalmente bem, porque uma camada uniforme de neve cobriu as estâncias mais procuradas. A seguir às exportações industriais, o turismo é a maior gerador de riqueza do país e o Inverno contribui com um terço dos lucros.As estradas austríacas continuam cortadas e não estão excluídas hipóteses de novas avalanchas. No vale de Paznaun continuam isoladas cerca de 10 mil pessoas, algumas há mais de uma semana. As pontes aéreas intensificaram-se e os helicópteros continuam a transportar doentes, idosos, e turistas ansiosos por sair.Enquanto isso, as buscas prosseguem. O cão provou ser o melhor amigo das equipas de socorro. A neve é farejada minuciosamente e ontem foi descoberta em Valzur uma criança soterrada há mais de duas horas, que foi transportada para o hospital. Na Suíça, a estância de Loeche-les-Bains foi afectada por nova avalancha que foi provocada artificialmente por uma explosão. As avalanchas são muitas vezes provocadas por explosões com o objectivo de evitar que se verifiquem outras de maior intensidade causadoras de vítimas. Neste caso, as equipas de socorro agiram com prontidão e as 30 pessoas em perigo foram evacuadas, e ficaram danificados cinco edifícios. Foi aberto um inquérito para determinar responsabilidades. Desde domingo que neste país morreram 10 pessoas e outras duas pessoas estão desaparecidas. As centenas de deslizes de neve registados nos últimos dias nos quatro cantões alpinos colocam problemas de abastecimento e de saúde nas aldeias isoladas. As equipas de saúde confrontam-se principalmente com pneumonias e situações de "stress".Também em França se fizeram evacuações, por medida de precaução e com receio de novas avalanchas. Sessenta residentes de uma povoação perto de Mure, no sul de Grenoble, nos Alpes franceses, foram realojados noutro local. A grande acumulação de neve ameaçava abater-se sobre as habitações, dizem as autoridades locais. Entretanto, foram resgatados os três esquiadores franceses encurralados há nove dias num iglú a três mil metros de altitude na povoação de Pralognan-la-Vanoise. Segundo informações recolhida pelo PÚBLICO junto das embaixadas portuguesas em França, Suíça, Áustria e Itália não haverá portugueses que tenham tido problemas com as avalanchas. Na Suíça, onde, aparentemente, o risco era maior, a embaixada não recebeu qualquer pedido de auxílio. Fonte diplomática explicou ao PÚBLICO que a maior parte dos cerca de 150 mil portugueses que ali estão emigrados vivem no planalto suíço, e não nas montanhas. "Mesmo os que trabalham em hotelaria nos Alpes, fazem-no normalmente em grandes hotéis" - que são os que têm poderio económico para atrair mão-de-obra estrangeira - e esses grandes hotéis são construídos, por regra, em sítios seguros". Recentemente, houve, no entanto um acidente, de que resultou a morte de uma criança portuguesa, mas não teve qualquer relação com as avalanches: "Foi uma criança que caiu de um monte de neve quando brincava e, por azar, na altura passava em baixo um tractor. A criança morreu esmagada". Na Áustria, a embaixada confirmou a inexistência de portugueses entre as vítimas graças a uma linha montada pelo Ministério do Interior austríaco, propositadamente para dar informações a familiares aflitos. Aqui, o único problema foi "uma mãe em pânico porque sabia que a filha tinha vindo passar férias na neve, mas não sabia onde, pelo que não pudemos ajudar muito". Em França e na Itália a informação era a de que não tinham recebido qualquer pedido de auxílio por parte de cidadãos nacionais.

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