Reboleira e Mercês abrem em Maio

As novas estações da Reboleira e das Mercês vão ser inauguradas quando se mudar para o horário de Verão, apesar das exigências do PCP para que a primeira entre ao serviço de imediato. As obras de modernização da Linha de Sintra entraram numa nova fase de expansão, devendo ficar concluídas ainda este ano a estação de Santa Cruz/Damaia - que abre parcialmente no domingo.

A Linha de Sintra passará a dispor durante este ano de três novas estações e da quadruplicação da via entre Lisboa e a Amadora. Segundo a Rede Ferroviária Nacional (Refer), entidade responsável pela construção das infra-estruturas, após a abertura parcial este fim-de-semana de Santa Cruz/Damaia, está prevista para o final de Maio a inauguração da Reboleira e das Mercês.Entra já ao serviço este domingo uma parte da nova estação de Santa Cruz/ Damaia. O acesso aos novos cais do lado sul será feito através do edifício principal da estação, perto da rotunda da Damaia, ou por uma passagem superior provisória instalada próximo do actual apeadeiro de Santa Cruz de Benfica. Este apeadeiro e o da Damaia serão, por sua vez, encerrados no mesmo dia para permitir o avanço dos trabalhos de quadruplicação da via. Isto porque as duas novas vias a somar às duas existentes passarão onde actualmente se encontram os cais daqueles apeadeiros.Ontem, operários tratavam dos últimos pormenores. No interior estão prontas as instalações sanitárias e o acesso, por escadas rolantes ou rampa, aos cais. O "snack-bar", 14 lojas e as bilheteiras só abrem quando a obra estiver concluída, em Setembro deste ano. Os bilhetes serão vendidos provisoriamente num pré-fabricado à frente da estação. Igualmente pronta está uma passagem superior pedonal coberta paralela ao viaduto ferroviário que, conforme notou Carla Salgado, responsável da Refer pelas obras na Linha de Sintra, também constitui um "atravessamento urbano".Do lado contrário, onde antes havia um mercado - transferido para junto do apeadeiro da Damaia -, está em construção um acesso desnivelado para transportes públicos ao novo interface da estação, com um auto-silo para 330 viaturas. Autocarros e táxis terão lugares à superfície. Os dois pisos subterrâneos destinam-se a automóveis. A passagem de nível da Damaia tem os dias contados, até à construção de uma nova passagem superior pedonal. A passagem superior provisória do lado de Santa Cruz dará lugar a uma passagem inferior ao caminho-de-ferro, com ligação à Rua D. Carlos I."O homem era um visionário", ironizou uma fonte da CP, referindo-se ao construtor que na década de 60 ergueu junto à linha uma estação clandestina para servir de engodo na venda dos prédios construídos na Reboleira. A nova estação, construída junto aos respiradores do aqueduto das Águas Livres e a umas centenas de metros do Bingo do Estrela da Amadora, nada tem a ver com a estação "fantasma" da J. Pimenta, a não ser o nome. "Ainda tivemos que pagar a demolição da outra estação", desabafou Carla Salgado.A nova gare, a inaugurar em Maio, possui o interior decorado com painéis de azulejos do artista Bartolomeu Cid dos Santos, alusivos a elementos naturais, ao clima e às primeiras viagens aéreas intercontinentais com partida da Amadora. Além de acessos em rampa e escadas, os utentes terão ao dispor seis lojas e um bar. Construídas estão também uma ligação pedonal à estação sob a estrada entre a Damaia e a Reboleira e uma passagem inferior rodoviária perto do Bingo. Um silo para 430 veículos, associado ao interface para transportes públicos, tentará ganhar os automobilistas para o comboio.Porém, se do exterior as obras parecem estar quase prontas, no interior ainda faltam alguns acabamentos. Farta de esperar está a comissão de freguesia da Reboleira do PCP que, em comunicado, exigiu a "abertura imediata" da estação, considerando que a população "está a ser grandemente prejudicada pelo adiar sucessivo da abertura" daquela estação. "Será que o Governo do PS aguarda as vésperas de novas eleições para o fazer?", questionam os comunistas.Ainda no primeiro semestre deste ano ficará pronta a quadruplicação integral da via até à Amadora. As quatro vias separam-se em Benfica, duas a duas, para o Rossio e Linha de Cintura. Se tudo correr sobre carris, a quadruplicação chegará a Queluz/Massamá no final de 2000, na sequência da remodelação da estação de Queluz/Belas, cuja empreitada deverá começar nos próximos meses. Esta obra inclui a construção de um viaduto sobre o Vale do Jamor, sob o qual está projectado um silo para 220 viaturas. A passagem de nível ali existente será substituída por um atravessamento inferior.Outra estação a abrir em Maio será a das Mercês. Isto se o andamento dos trabalhos o permitir, pois o estado da obra parece mais atrasado do que na Reboleira. A nova estação possui um acesso inferior pedonal central, quatro lojas e uma cafetaria. As três vias férreas permitirão uma função semiterminal, para a criação de uma nova "família" de comboios, ainda sem destino final (Rossio ou Cintura) definido pela CP. A passagem de nível será também encerrada com a abertura de uma passagem inferior rodoviária, com três faixas de rodagem. Um silo em dois pisos será também construído em frente ao Fitares Shopping."As obras na Linha de Sintra são sempre muito complicadas, porque tem que se manter a circulação de comboios e de utentes", salientou Carla Salgado. Em termos de investimento, Santa Cruz/Damaia e Reboleira custarão cada 3,8 milhões de contos. Mercês sairá mais "barata", por 2,5 milhões. A mesma responsável da Refer adiantou ainda que, após a remodelação de Rio de Mouro e do Cacém, a estação do Algueirão e o túnel do Rossio serão as últimas intervenções inseridas na modernização da Linha de Sintra - cuja nova data de conclusão está prevista para 2002.

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