Quer encontrar uma obra roubada pelos nazis? Instale esta aplicação

A aplicação foi lançada pela Polónia para encontrar mais de 63 mil obras roubadas durante a Segunda Guerra Mundial.

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A aplicação cruza a imagem do quadro com uma base de dados do Governo polaco STAN HONDA/AFP

A Polónia está à procura das obras de arte roubadas pelo exército nazi durante a Segunda Guerra Mundial. No total são mais de 63 mil obras desaparecidas, o que torna o sucesso da procura no mínimo desafiante. Por isso, o Governo de Varsóvia criou uma aplicação para smartphones que analisa as pinturas fotografadas por qualquer pessoa em qualquer lugar e que as cruza com uma base de dados de obras roubadas. O sistema reconhece automaticamente uma obra que tenha sido confiscada pelos nazis. Por funcionar como uma moderna lupa de detective, a aplicação foi baptizada de ArtSherlock e já está disponível para download gratuito, em inglês e polaco.

As embaixadas polacas já estão atrás de pistas sobre as obras, mas a aplicação foi desenhada a pensar na ajuda dos cidadãos para repor o espólio polaco aos legítimos proprietários e herdeiros, escreve o jornal espanhol ABC.

Mais de 70% do património artístico polaco foi confiscado pelos nazistas. Agora, esta procura global solidária, ainda que amadora, pode revelar-se um instrumento útil.

O ministro da Cultura polaco, Pitor Glinski, afirma que esta é uma forma não só de encontrar as obras roubadas de museus e coleccionadores, como também uma ferramenta para os actuais proprietários conhecerem a origem dos seus quadros.

Lynn H. Nicholas, historiadora de arte especializada no período bélico da Segunda Guerraautora do livro The Rape of Europe (sem edição portuguesa, mas editado no Brasil: Europa Saqueada: O destino dos tesouros artísticos europeus no Terceiro Reich e na Segunda Guerra Mundial), explica as dificuldades que os proprietários das obras de arte enfrentam por não terem informações claras sobre as peças que possuem. “Existem obras, por exemplo, que em algum momento passaram pelas mãos de Dirk Menten, um comerciante holandês, colaborador dos nazis. A maioria das transacções foram legais, mas a mais ínfima ligação ao nome do comerciante impede que a obra possa ser colocada no mercado, apesar de ninguém negar a sua autenticidade." 

Para alguns proprietários ou coleccionadores que querem devolver as obras aos seus legítimos proprietários ou que querem provar que não se trata de uma obra roubada, a aplicação pode ser a solução.

Além da aplicação, o Ministério da Cultura polaco disponibiliza uma página em colaboração com o FBI direccionada a possíveis compradores que querem esclarecer se a obra em que estão interessados foi roubada durante o conflito.

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