Lisboa mantém supremacia na sociedade de informação e desequilibra o país

Índice Digital Regional evidencia assimetrias regionais e revela mudança de lugares. Centro ocupa agora o segundo lugar, Norte sobe para quarto, Madeira cai para último.

Foto
À frente da tabela ficou, pelo segundo ano consecutivo, o site de Alfândega da Fé

O Índice Digital Regional (IDR), a inovadora ferramenta que apalpa o pulso às sete regiões NUT II do país em termos de construção da sociedade de informação, mostra que praticamente nada está como dantes. Há alterações de 2012 para 2013, mas há duas situações que se mantêm: Lisboa surge destacadíssima nos quatro subíndices analisados e as assimetrias regionais não se esbateram nesta área.

Lisboa não abre mão da supremacia, apresenta os melhores desempenhos nos 73 indicadores analisados, ocupa o primeiro lugar nos quatro subíndices e transpõe sempre a linha da média nacional. O Centro aparece agora em segundo lugar e destrona o Algarve que desce para terceiro. O Norte troca de posição com o Alentejo e passa de quinto para quarto. Também há trocas nas ilhas com os Açores a subirem para sexto lugar e a Madeira a descer para a sétima e última posição. A distância entre Lisboa e o resto do país salta à vista nos gráficos dos quatro subíndices do IDR - contexto, infra-estruturas, utilização e impacto. O IDR continua a mostrar um país a várias velocidades. “De facto, Lisboa continua a ter um desempenho muito superior às restantes regiões. Nos 73 indicadores analisados, mais uma vez conseguiu a pontuação máxima, o que desequilibra as médias das restantes regiões do país. A supremacia de Lisboa é esmagadora”, refere Luís Miguel Ferreira, professor de Matemática e autor do IDR. “É estranho que as tecnologias não estejam a dar as mesmas oportunidades em todas as regiões do país, mas que, pelo contrário, acentuem assimetrias regionais”. Assimetrias que se relacionam com vários factores como, por exemplo, infra-estruturas disponíveis, rendimentos das famílias para aceder à Internet, competências para manusear novas tecnologias.

“O país não está a conseguir inverter a situação. A injecção de dinheiro nesta área, para combater essas assimetrias, não está a atacar o problema”, sublinha Luís Ferreira. As conclusões serão enviadas ao Governo numa nota que está a ser preparada.  

Se em 2012, o Alentejo passava a perna ao Norte no ranking do IDR, em 2013, a situação inverte-se e há mudança de lugares. O Norte passa de quinto para quarto, o Alentejo de quarto para quinto. A segunda edição do IDR revela que o Norte é a região que pior fica na fotografia em termos de infra-estruturas disponíveis, mas que apresenta o segundo melhor desempenho em termos de impacto - o que ajuda a explicar a subida. 

É no gráfico relativo ao subíndice impacto que mais se evidencia a distância entre Lisboa e as restantes zonas do país. Neste ponto, analisam-se desempenhos na criação de empresas ligadas ao sectores de média e alta tecnologia, proporção de exportações de bens de alta tecnologia, número de pessoal ao serviço de actividades de tecnologias de informação e de comunicação. O Norte sobe de terceiro para segundo lugar, ocupando quase metade do gráfico de Lisboa. Segue-se o Centro que desce um lugar e o Algarve que avança uma posição de quinta para quarta. Os Açores mantêm-se em último.

Em termos de utilização dos meios da sociedade de informação, Lisboa aparece novamente em primeiro lugar, embora com uma ligeira quebra em relação a 2012. Neste subíndice, não há qualquer mudança de lugares. O Algarve continua a ser a segunda região do país que mais utiliza as novas tecnologias, tanto por parte da população como pelas empresas, seguindo-se o Alentejo. O Centro volta a aparecer em quarto, Açores em quinto, Norte em sexto e Madeira em sétimo. Neste campo, Lisboa e Algarve são as únicas regiões que ultrapassam a linha da média nacional e as únicas que tiveram melhores resultados em 2012 do que em 2013.  

No subíndice das infra-estruturas que analisou, entre outros factores, o número de agregados domésticos com acesso ao computador e à Internet, alojamentos cablados, número de caixas automáticas por mil habitantes, o Norte, o Centro e o Alentejo não ultrapassam a média nacional. As restantes, embora com uma ligeira quebra em relação aos resultados de 2012, passam essa barreira. O Alentejo e o Algarve estão piores do que em 2012.

Em termos de contexto – e aqui analisam-se índice de poder de compra, taxa de desemprego, taxa de escolaridade no ensino superior, proporção de investigadores na população activa, entre outros pontos – além de Lisboa, o Norte, o Centro, o Algarve e os Açores estão numa posição confortável, acompanhando a subida da média nacional. O Centro segura a segunda posição, o Norte a terceira. O Algarve sobe de quinto para quarto, o Alentejo desce de quarto para quinto, Açores passam para sexto e a Madeira para último lugar.  

73 indicadores, quatro subíndices, instrumento inédito
O IDR é um instrumento inédito que permite compreender de que forma as sete regiões portuguesas se comportam no mundo da sociedade de informação, comparando-as e contrastando-as. São analisados 73 indicadores agrupados em quatro subíndices que têm o mesmo peso num ranking final. O IDR de 2012 e 2013 demonstram que existem assimetrias regionais na construção de uma sociedade de informação. Luís Miguel Ferreira, professor de Matemática na Secundária Serafim Leite em São João da Madeira, mestre em Ensino da Matemática, criou esta ferramenta inédita no âmbito da sua tese de doutoramento Medir a Sociedade de Informação no Contexto Regional: Um Novo Instrumento e a Sua Aplicação à Sua Situação Actual na Universidade do Minho. Na segunda edição do IDR, o professor actualizou os dados estatísticos utilizados nos cálculos de 2012 e manteve a metodologia. Neste momento, está a recolher os elementos para o IDR de 2014.

Sugerir correcção
Comentar