Dupla portuguesa lança AILO, uma tecnologia que apoia passageiros nos aeroportos

Zonas de check-in, reclamações, entrega de bagagem, restaurantes, lojas, tudo num sistema compatível com aplicações móveis.

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Ferrovial gere o Aeroporto de Heathrow, em Londres Adrian Dennis/AFP

O ponto de partida para a criação da AILO Foundation, uma fundação criada por dois portugueses que escolheram a Holanda para desenvolver uma tecnologia de indoor location (localização interior) que ajuda os passageiros a encontrarem serviços ou lojas dentro de aeroportos foi: “Criar projectos que possam criar impacto na relação entre o Homem e a tecnologia”.

Para o projecto avançar, Ana Afonso e Nuno Pereira acabam de lançar uma operação de crowdfunding para angariar 300 mil dólares. O valor é ambicioso mas a dupla acredita que a sua tecnologia tem o “poder de se tornar tão comum como o GPS”.

A AILO explica a tecnologia indoor location como um “sistema de GPS de alta precisão que utiliza vários sensores de smartphones como wi-fi, bluetooth, magnetómetro, giroscópio para fornecer informações de localização muito detalhada, que pode ser usado por aplicações para fornecer navegação interior detalhada”. Ao utilizador é indicado o caminho a seguir para chegar a um determinado ponto no aeroporto (zonas de check-in, reclamações, entrega de bagagem, restaurantes, lojas), o tempo que levará para o fazer, revelando durante o processo onde estão elevadores, casas de banho ou acessos ao exterior.

O objectivo de Ana Afonso e Nuno Pereira é promover e instalar a tecnologia AILO (Airport Indoor Location) em terminais de aeroporto em quase todo o mundo, permitindo que o sistema funcione através de aplicações móveis disponíveis nos smartphones dos passageiros, como o iOS Maps ou o Google Maps, para aceder a dados de localização no interior de grandes espaços.

E por que razão instalar esta tecnologia em aeroportos? Os aeroportos são grandes lugares com enorme tráfego humano diário. O facto de a "sinaléctica nestes espaços ser fraca faz com que a experiência do viajante seja stressante e caótica", explica a AILO.

Ana Afonso e Nuno Pereira, 35 e 40 anos, naturais de Lisboa, não são estreantes no mundo da tecnologia. Entre os dois já desenvolveram várias aplicações para telemóveis desde 2008, “produtos pioneiros” que chegaram à Apple app store, como sublinha Ana Afonso ao PÚBLICO. Em 2009, deixaram a zona de Carcavelos e mudaram-se para a América do Sul. Voltaram este ano a Portugal, “temporariamente”. Já estão de malas prontas com destino ao norte da Europa, conta.

Amesterdão será a sede das operações da AILO Foundation. “Estamos a apostar na criação da fundação em Amesterdão porque a Holanda é um dos principais focos europeus relativamente a tecnologia. Para além disso, o governo holandês oferece benefícios fiscais e facilidades para a criação de empresas no país”, explica a co-fundadora da fundação.

Perguntámos o que levou à criação da AILO e a resposta chegou por email, com palavras sobre empreendedorismo e “procura de ideias inovadoras”. “Sentimos necessidade de mudar o nosso foco para novos projectos que possam criar impacto na relação entre o Homem e a tecnologia de uma forma significativa ajudando a criar novos standards em actividades diárias”.

Lisboa não respondeu, Porto rejeitou
A aposta recaiu sobre a criação de uma resposta às queixas dos passageiros sobre as dificuldades em encontrar zonas específicas nos aeroportos, que “nunca ofereceram até agora nenhuma solução concreta e eficaz”, segundo Ana Afonso. Surgiu a AILO Foundation, que os dois portugueses acreditam que “pode mudar e melhorar a experiência de milhares e milhares de pessoas quando circulam por aeroportos”. 

Um total de 65 aeroportos, entre a América do Norte, Sul e Central, Europa, Ásia e África, foram abordados para instalar a indoor location. “No primeiro contacto, percebemos que as administrações de aeroportos são extremamente resistente à ideia de terem de pagar pela instalação, pelo menos numa fase inicial antes de um número crítico de aeroportos adoptar a tecnologia”, indica Ana Afonso. Entre os aeroportos contactados estiveram os de Lisboa e do Porto. Da capital nunca chegou qualquer resposta. A administração do Porto “não se mostrou aberta a pagar pela instalação”.

Até aqui, a fundação tem contado com verbas que a dupla conseguiu com a criação das suas aplicações. Para financiar a instalação gratuita da tecnologia AILO nos aeroportos, a equipa decidiu lançar uma campanha de crowdfunding, no Indiegogo, a pedir um apoio de 300 mil dólares. Esta sexta-feira, um dia depois de ter sido lançada a campanha, a AILO tinha apenas recebido uma contribuição simbólica. Mas Ana Afonso é optimista. “O indoor location é uma tecnologia nova e promissora que acreditamos ter o poder de se tornar tão comum como o GPS é nos dias de hoje”.

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