Universidades ibéricas aliam-se para facilitar entrada nas empresas

Rede de 22 instituições de ensino superior, à qual pertencem representantes do Norte e Centro de Portugal, quer ser motor do desenvolvimento das suas regiões.

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Aveiro e Porto tiveram melhor pontuação, mas houve universidades de outros países que melhoraram mais Paulo Pimenta

Uma rede de 22 instituições de ensino superior ibéricas está empenhada em facilitar o contacto dos seus estudantes e investigadores com o tecido empresarial das suas regiões. A intenção da rede CRUSOE, que esta terça-feira reuniu em Braga, juntando universidades e politécnicos do Norte e Centro com homólogas de três regiões espanholas, é assumir um papel central no desenvolvimento. Esse trabalho vai partir das áreas da economia existentes e apoiar-se no novo quadro comunitário de financiamento.

A criação da rede CRUSOE – Conferência de Reitores das Universidades do Sudoeste da Europa – tem sido incentivada pelos governos regionais espanhóis e, do lado português, pelas comissões de coordenação e desenvolvimento do Norte e Centro. Este respaldo político foi destacado pelo presidente da organização, o reitor da Universidade do Porto, Sebastião Feyo de Azevedo. “As nossas universidades, em colaboração com o tecido social das regiões, serão o motor do seu desenvolvimento”, acredita aquele responsável.

A prioridade destas instituições de ensino superior é trabalhar com os sectores económicos já existentes nesta euro-região, como o mar e a construção naval, a saúde e a área agrária, por exemplo. Por outro lado, pretende-se reforçar sectores como o das tecnologias de informação. “O que os reitores estão a fazer é criar condições para que os investigadores ponham a sua investigação na prática”, explica Feyo de Azevedo.

A estratégia da rede CRUSOE, que foi apresentada depois da reunião desta terça-feira em Braga, terá dois eixos de actuação. Por um lado, haverá um conjunto de projectos transversais a todas as universidades. Entre essas iniciativas está, por exemplo, a tentativa de levar “uma cultura de inovação” à classe empresarial, “sobretudo junto das PME”, explica o reitor da Universidade de Vigo, Salustiano Mato. As 22 instituições de ensino superior deste agrupamento vão também trabalhar em projectos científicos e tecnológicos mais específicos, juntando laboratórios e grupos de investigação que têm investigação anterior em áreas coincidentes.

Nos últimos meses, a CRUSOE já apadrinhou a submissão de nove projectos internacionais a programas de financiamento, que contam com a participação de pelo menos dois membros da rede. Estas iniciativas conseguiram um financiamento de valor superior a 5,5 milhões de euros, havendo outros dois projectos em fase de aprovação. O acesso a fundos comunitários é, de resto, um dos intuitos fundamentais desta rede, facilitando candidaturas feitas directamente junto da União Europeia, mas também às verbas destinadas à inovação em cada um dos programas operacionais regionais.

Na reunião desta terça-feira, a CRUSOE aprovou também a entrada de quatro novas instituições na rede. Ao grupo original, constituído pelas universidades e politécnicos públicos do Norte de Portugal e universidades públicas e privadas das regiões espanholas da Galiza e Castela-Leão, juntam-se a Universidade de Oviedo (Astúrias) e as três universidades portuguesas da região centro: Aveiro, Coimbra e Beira Interior. Juntas, estas instituições envolvem uma comunidade de mais de meio milhão de pessoas, entre professores, investigadores e estudantes.

Outro dos projectos anunciados na reunião de Braga é a criação de um programa de mobilidade de estudantes, investigadores e professores entre as 22 universidades desta rede. “Para podermos trabalhar juntos, temos que nos conhecer melhor”, defende o reitor da Universidade de Vigo, Salustiano Mato.

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