Teremos consultas de ampulheta?

Costumam ser razoáveis as sugestões do Tribunal de Contas (TC) e algumas até bastante pertinentes. Por isso, é com alguma surpresa que se tropeça na sua “hipótese de trabalho” relativa aos médicos de família. Numa auditoria divulgada anteontem, a par de (lá está...) sugestões razoáveis como sugerir ao Governo que liberte os médicos dos centros de saúde de tarefas administrativas para se poderem dedicar por inteiro àquele que é o seu verdadeiro trabalho, ou evitar que haja cidadãos sem médico de família atribuído, os auditores do TC puseram-se a fazer cálculos e concluíram que, se as consultas fossem reduzidas a 15 minutos, haveria um aumento de 37% na actividade assistencial. Esta visão, que poderá vir a inaugurar a era das consultas de ampulheta na mesa (virando-a à entrada de cada doente, para marcar o tempo), é demasiado simplista. A eficácia médica mede-se em capacidade clínica e resultados. E isso exige outras contas.

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