Taxa de infecções hospitalares em Portugal é superior à média europeia

Um em cada dez doentes é infectado nas unidades de saúde nacionais, conclui estudo que envolveu 43 hospitais portugueses.

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Na Europa, a taxa de infecções hospitalares fica-se pelos 6,1% Nuno Ferreira Santos

A taxa global de infecções hospitalares em Portugal situa-se nos 10,6%, o que significa que cerca de um em cada dez doentes é infectado nas unidades de saúde nacionais, foi revelado nesta quinta-feira em Coimbra.

Os números, avançados por Alexandre Diniz, director do Departamento da Qualidade na Saúde da Direcção-Geral da Saúde (DGS), constam de um estudo europeu, elaborado entre Maio e Junho de 2012, que incluiu 43 hospitais portugueses.

Na Europa, a taxa global de prevalência de infecções hospitalares — onde se incluem patologias das vias respiratórias e urinárias, entre outras — fica-se pelos 6,1%. Também no uso de antibióticos Portugal apresenta uma prevalência superior à média europeia (45,4% contra 35,8).

Na sua intervenção no seminário Infecções Associadas aos cuidados de saúde, promovido pela Associação Portuguesa de Infecções Hospitalares e pela Administração Regional de Saúde do Centro, o responsável da DGS aludiu ainda, sobre o mesmo estudo, às Unidades de Cuidados Continuados (UCC), onde a prevalência de infecções é mais do dobro da média europeia (8,1% contra 4%).

As patologias predominantes situam-se ao nível da pele, tecidos moles, feridas, mas também das vias respiratórias e urinárias e o uso de antibióticos volta a revelar-se superior ao dos países europeus, que têm uma taxa média de 6,5% contra 9,4 das UCC portuguesas.

Alexandre Diniz afirmou que "o aumento da segurança dos doentes" é uma das prioridades do Governo, aludindo à criação de um sistema no Serviço Nacional de Saúde, que passa pela criação de uma Rede de Qualidade e Segurança, a nível nacional.

"Temos de melhorar o controlo das infecções. Mas também controlar a resistência aos antibióticos, que poderá fazer regredir mais de 50 anos a história da Medicina", alertou.

Alexandre Diniz deu ainda exemplos práticos de comportamentos que "têm de melhorar rapidamente", como os profissionais de saúde que, nos hospitais, "andam a passear de bata aberta na rua" e outros locais "e têm sido muito negligentes", sustentou. Melhorar a prevenção de quedas dos utentes e o uso seguro de medicamentos foram outras medidas apontadas.

O responsável da DGS lembrou ainda que o Ministério da Saúde possui um sistema de notificação de "incidentes e eventos adversos", gratuito e anónimo, "que pode ser acedido por qualquer unidade" hospitalar.

 

 

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