Só em Outubro se saberá o que vai ser feito às florestas portuguesas

Primeiro-ministro confirma reunião extraordinária do Governo para discutir prevenção dos incêndios florestais.

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O primeiro-ministro durante uma visita às instalações da Protecção Civil, durante a última vaga de incêndios Miguel Manso

O primeiro-ministro, António Costa, confirmou nesta segunda-feira que o Governo vai reunir extraordinariamente em Outubro para debater “uma verdadeira reforma das florestas”, que passará por privilegiar a prevenção. “É a falta de prevenção que faz que se gaste tanto dinheiro no combate aos incêndios, o que é fruto de opções erradas tomadas no passado”, disse, antes de se reunir com os presidentes das câmaras do distrito de Viana do Castelo, um dos mais fustigados pelos incêndios.

Ainda nesta segunda-feira, a organização não governamental Transparência e Integridade exortou o Governo a divulgar quantas “centenas de milhões são gastos no combate com os incêndios” que, no que respeita aos meios aéreos, está entregue na maior parte dos casos a empresas privadas.

Uma das medidas de poupança apresentadas neste domínio, e que foi alvo de uma petição que já recolheu mais de 30 mil assinaturas, é o de voltar a envolver a Força Aérea, como sucedia há mais de duas décadas. Este é um dos temas que António Costa prometeu que será debatido depois de terminar a época dos fogos, e que levou já a posições contrárias no seio do Governo.

Tanto o primeiro-ministro como o ministro da Defesa pronunciaram-se a favor deste envolvimento dos militares, que António Costa apresentou como podendo integrar uma “gestão racional e recursos” nesta área. Já a ministra da Administração Interna optou por destacar a actual falta de preparação deste ramo das Forças Armadas para desempenhar tais funções. Em comunicado divulgado neste domingo, a Força Aérea atribuiu o seu afastamento do combate aos fogos, ocorrido há mais de 20 anos, à reorganização deste dispositivo, que passou a ficar sob a tutela da Autoridade Nacional de Protecção Civil. 

Em declarações à Lusa, o presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas, o tenente-coronel António Mota, frisou que este afastamento coincidiu com o estabelecimento de uma série de protocolos com empresas privadas com vista ao combate aos fogos. O dirigente associativo saúda as declarações do primeiro-ministro, embora, como disse ao PÚBLICO, as considere "um poucos vagas”. “Não há ainda nenhum comprometimento formal, nem se apontou um cenário temporal para tal”, apontou.

O presidente da associação admite, como de resto foi referido pela ministra da Administração Interna, que os pilotos da Força Aérea precisão de “ter formação específica” para operar os meios áreos de combate aos incêndios. Mas recorda que a “esmagadora maioria dos tripulantes que operam os aviões e helicópteros de combate aos incêndios são ex-pilotos da Força Aérea”.

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