O Sindicato dos Jornalistas (SJ) denunciou nesta terça-feira que a administração da RTP está a contactar “apressadamente” jornalistas correspondentes da rádio pública em capitais de distrito para anunciar o encerramento “ilegal” das respectivas delegações.

Em comunicado, o SJ revela que o Conselho de Administração da RTP pretende, nalguns casos, extinguir os postos de trabalho. Noutros, admite a possibilidade de os jornalistas passarem a trabalhar em casa ou serem transferidos para Lisboa, Coimbra ou Porto mas “sem qualquer compensação pela alteração das condições de trabalho”.

A lista de delegações a extinguir inclui pelo menos Santarém, Braga e Leiria, segundo o sindicato. Esta reestruturação está a ser feita à margem dos “termos legalmente exigíveis”, na medida em que nem a Comissão de Trabalhadores nem o SJ foi previamente ouvidos. O sindicato adianta que vai denunciar o caso à Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT).

A Comissão de Trabalhadores não foi informada previamente da intenção da administração da RTP e está "surpresa" com esta situação, diz Camilo Azevedo, membro da comissão.

O PÚBLICO tentou contactar a porta-voz do Conselho de Administração da RTP, sem sucesso. À Lusa, a administração fez saber que "sobre o tema da restruturação das delegações regionais não há comentários a fazer nesta altura".

"Desmantelamento" da rádio pública
Para o SJ, para além das “graves questões laborais que a iniciativa da Administração da RTP levanta”, está em causa uma “inaceitável operação de desmantelamento dos Serviços Públicos de Rádio e de Televisão, que assegura às populações a cobertura da sua realidade, dos seus problemas e anseios, bem como das suas iniciativas e realizações”.

A zona mais afectada pelos encerramentos seria a região centro, cujos serviços estão centralizados na delegação de Coimbra. Actualmente, já é notório o desinvestimento na rádio pública nesta região: em Coimbra, a equipa da Antena1 passou há algum tempo de seis jornalistas para três, sendo que um deles trabalha também para a RTP.

Em Viseu, Guarda e Castelo Branco, os correspondentes da RDP já estão a trabalhar também para a televisão pública. E em Leiria, a única jornalista passou a trabalhar a partir de casa, depois de ter sido encerrada a redacção.

No comunicado, o SJ apela às autarquias, à Entidade Reguladora para a  Comunicação, ao Governo, aos grupos parlamentares e ao Presidente da República para que "exerçam todas as suas competências e realizem todos os esforços" para impedir o encerramento das delegações regionais da RTP.