Saturação e empobrecimento levam portugueses a contribuir menos em peditórios

A Cáritas atendeu mais de 52 mil pessoas em 2013. Mas recebeu menos dinheiro. Na próxima semana arranca novo peditório.

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No ano passado, a Cáritas atendeu 52 mil pessoas Enric Vives-Rubio

O presidente da Cáritas portuguesa reconhece que “há todas as razões para que as pessoas possam contribuir menos”, mas deixou o apelo para que todos dêem o contributo possível no peditório nacional que arranca na quinta-feira.

Eugénio Fonseca explicou que há cerca de mil mealheiros para serem distribuídos por voluntários e adiantou que o que for angariado reverte para ajudar a minorar as muitas carências de milhares de famílias. “Infelizmente, nos últimos anos, neste contexto de crise e de auxílio às pessoas que têm sido mais vítimas das medidas onerosas que a crise tem criado, as pessoas estão a ficar saturadas de tantas solicitações que vêm das mais variadas partes e compreendo que possa haver essa saturação, porque quando se entra na normalização deste tipo de coisas, pode-se também cair no esquecimento e até na indiferença.”

O presidente da Cáritas disse ter receio que possa haver uma diminuição no valor angariado também porque as pessoas “estão cada vez mais empobrecidas”. “Mas o povo também nos tem surpreendido”, disse ainda. “E quando achamos que as coisas vão ser assim, surpreende-nos com uma generosidade que não estávamos a pensar que poderia ser tão expressiva.”

Unidos no Amor, Juntos contra a fome é o tema deste ano da semana nacional da Cáritas portuguesa, que se assinala de 17 a 23 de Março e engloba o peditório, que decorre entre os dias 20 a 23 e que está relacionado com a campanha internacional de luta contra a fome Uma só família humana, alimento para todos, promovida pela Cáritas internacional.

Eugénio Fonseca aproveitou para deixar o pedido a todos os portugueses para que sejam receptivos se forem abordados por algum voluntário da Cáritas, lembrando que também não é fácil andar na rua a pedir. “Esta é uma actividade anual, mas que se repercute pelo ano inteiro e é tão bom sabermos que não estamos sozinhos nesta luta de ajudar quem vive às vezes adversidades tão dolorosas.”

Segundo o presidente da Cáritas portuguesa, a campanha internacional prolonga-se pelos próximos dois anos. Objectivo: “Criar um dinamismo de sensibilização que leve a que em 2025 possamos ter condições para erradicar a fome no mundo.”

Durante a semana nacional, a Cáritas vai desenvolver várias actividades, entre colóquios, exposições e acções de sensibilização para os problemas das pessoas mais pobres.

Segundo informação da organização, em 2013, a Cáritas atendeu mais de 52 mil pessoas. O peditório público desse ano angariou perto de 297 mil euros (296.126,38 euros), menos 2.139,75 euros do que em 2012.

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