Protesto de extrema-direita entre Martim Moniz e Rossio marcado para hoje

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A Frente Nacional é uma das organizações que faz a convocatória do protesto no seu sítio na Internet DR

Uma polémica manifestação "contra o aumento da criminalidade" realiza-se hoje em Lisboa, convocada pela Frente Nacional, de extrema-direita, uma iniciativa que suscitou protestos de partidos políticos, organizações anti-racistas e Igreja Católica.
A manifestação, marcada para as 14h00, começará no Martim Moniz e terminará no Rossio, duas zonas de Lisboa muito frequentadas por imigrantes.

O Comando Metropolitano de Lisboa da PSP disse ter montado um "planeamento adequado" de meios para fazer face a "alguma eventualidade" decorrente da manifestação, embora recuse alarmismos.

A comunicação da iniciativa foi feita ao Governo Civil de Lisboa por três cidadãos, sem referência a qualquer organização, embora a Frente Nacional tenha feito a convocatória do protesto no seu sítio na Internet. "Justiça e liberdade para o nosso povo" é uma das palavras de ordem da convocatória difundida pela Rede e onde se associa a "criminalidade" à "imigração". Num texto introduzido posteriormente no "site", a Frente Nacional afirma que "não serão admitidos comportamentos provocatórios" durante o desfile.

O porta-voz do Governo Civil, Geraldo Ayala, disse que "foram analisadas as condições em que foi apresentado o aviso subscrito por três cidadãos sobre a manifestação" e que este está "de acordo com as disposições legais existentes".

O mesmo porta-voz adiantou que a comunicação da manifestação refere o objectivo de protestar contra os acontecimentos ocorridos na praia de Carcavelos há uma semana e na vila de Coruche em Maio.

Um numeroso grupo de jovens é acusado de ter agredido e roubado banhistas na praia de Carcavelos, enquanto em Coruche a população tem-se queixado de "desacatos" e "provocações" de alguns elementos da comunidade cigana local.

No dia 10 de Junho, aquando dos incidentes na praia de Carcavelos, o presidente da Câmara de Cascais, António Capucho, atribuiu o sucedido a pessoas oriundas de "bairros problemáticos de fora do concelho".

O anúncio da manifestação suscitou protestos de organizações como o SOS-Racismo e a Frente Anti-Racista, a primeira classificando-a como uma iniciativa de "alto risco", a segunda apelando à calma e considerando-a "uma grosseira e perigosa provocação à ordem pública".

O Partido Ecologista "Os Verdes" considerou a manifestação uma "prova cabal da menoridade de quem a convoca", rejeitando a associação da "marginalidade, violência e criminalidade à raça e à nacionalidade dos cidadãos".

Também o bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, se pronunciou contra a manifestação, afirmando que ela apresenta "ressaibos a racismo, com violência contra a ordem constituída".

Em comunicado divulgado ontem, a Renovação Comunista condenou a manifestação, cujos organizadores acusa de quererem manipular a opinião pública, ressalvando no entanto que "o povo de Lisboa saberá virar as costas aos promotores da iniciativa xenófoba e racista".

Já ao início da madrugada de hoje, o líder do CDS-PP, José Ribeiro e Castro, afirmou que o partido a que preside "condena todas as manifestações xenófobas e racistas". À margem de um jantar em Oeiras, Ribeiro e Castro afirmou ainda que os fenómenos extremistas "têm de ser tratados com firmeza".

Os incidentes de Carcavelos foram discutidos na quinta-feira na Assembleia da República por iniciativa do CDS/PP, que criticou a alegada "desvalorização" do sucedido por parte do que chamou a "esquerda chique".

PS, PCP e Bloco de Esquerda acusaram, por seu turno, o CDS/PP de "alarmismo" e de pretender "provocar o pânico".

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