Ordem dos Médicos responsabiliza Governo por morte de idosa nas urgências de Aveiro

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Para a Ordem, "até a lenta reforma dos cuidados de saúde primários produzir alguns efeitos" não devem ser encerradas urgências Carla Carvalho Tomás/PÚBLICO (arquivo)

O bastonário da Ordem dos Médicos responsabilizou hoje o Governo pela morte de uma idosa no Hospital de Aveiro, considerando que a situação se deveu à sobrecarga dos serviços de urgência e que a unidade de saúde e os profissionais não deverão ser acusados.

"Que fique bem claro que a responsabilidade do que se passa no terreno é da errada política de Saúde do Governo. É ao primeiro-ministro, José Sócrates, que devem ser imputadas responsabilidades", defendeu José Manuel Silva, o bastonário em exercício.

"Tal como a Ordem dos Médicos tem insistentemente chamado a atenção, as urgências hospitalares estão a funcionar para além do limite das suas capacidades para atender os doentes, com qualidade, humanidade e rapidez. É óbvio, portanto, que a responsabilidade do que aconteceu não pode ser imputada ao Hospital de Aveiro e aos seus profissionais de saúde", conclui.

O comunicado, em que o bastonário apresenta condolências à família da vítima, reporta-se ao caso de uma idosa que morreu anteontem nas urgências do Hospital de Aveiro, sem ter chegado a receber assistência médica, e questiona quantos casos terão já acontecido no anonimato.

A doente deu entrada nas urgências do Hospital de Aveiro pelas 14h00 e, na fase de triagem, foi-lhe atribuída a cor amarela, pelo que teria de ser observada por um médico no espaço de uma hora. Quando finalmente ia ser observada por um médico, pelas 17h45, três horas e 45 minutos depois de ter dado entrada, estava morta.

José Manuel Silva salienta que a Ordem "tem denunciado as dramáticas consequências para o Serviço Nacional de Saúde e para os doentes do estranhamente acelerado encerramento dos recursos disponíveis para o atendimento de proximidade em situações de urgência/emergência".

Para o bastonário em exercício, "não é possível continuar com mais encerramentos e devem ser reabertos alguns dos locais já encerrados, até a lenta reforma dos cuidados de saúde primários produzir alguns efeitos", bem como se concretizarem outras medidas como alargar a reforma dos cuidados continuados, ser conhecida a rede de emergência pré-hospitalar e a rede de referenciação das urgências ser divulgada e operacionalizada.

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