Morreu a bebé prematura portuguesa internada no Dubai

Criança estava internada desde que nasceu, a 28 de Outubro. Os seus órgãos falharam esta noite.

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Bebé nasceu com menos de 500 gramas DR

A filha prematura de um casal de emigrantes portugueses, nascida num hospital privado do Dubai, acabou por morrer ao início da manhã deste domingo.

“Às 11h de Dubai e 7h de Portugal, a nossa Guerreira deixou-nos. Teremos um anjo no céu a olhar pela Família G”, lê-se numa página criada no Facebook para apoio à família, que tem mais de 128 mil seguidores. Os pais agradecem "a todos pelo apoio incondicional".

Margarida, filha de Eugénia e Gonçalo Queiroz, nasceu a 28 de Outubro com apenas 25 semanas de gestação e 410 gramas. A mãe teve pré-eclampsia, uma doença característica da gravidez que se traduz num aumento repentino da tensão arterial, que pode comprometer a saúde da mãe e do bebé. Neste caso, desencadeou o parto prematuro.

A bebé estava internada desde então num hospital privado do emirado e o seu estado de saúde agravou-se nos últimos dias. "A nossa guerreira continua em estado crítico e os valores do sangue continuam alterados devido à insuficiência renal", escreveu Gonçalo Queiroz algumas horas antes de anunciar a morte da filha. A bebé tinha aumentado de peso, para 620 gramas, mas os órgãos começaram a falhar e ela não resistiu.

Segundo disse à Lusa o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, os pais já entraram em contacto com a embaixada portuguesa no Dubai e estão a tentar resolver as questões administrativas para transportar o corpo para Portugal.

Onda de solidariedade
Os pais de Margarida tinham um seguro de saúde que não abrange estes casos – não há seguradoras que façam apólices a uma bebé cujas hipóteses de sobrevivência rondam os 40% a 50% – e não conseguiam pagar as despesas hospitalares de mil euros diários. A história desta família gerou uma onda de solidariedade que envolveu cidadãos anónimos, o próprio Estado português e até celebridades como Cristiano Ronaldo, que pediu no Facebook para que todos contribuíssem para salvar a vida da bebé. O casal já tinha conseguido angariar pelo menos 83 mil euros.

No início de Novembro, José Cesário anunciou que o ministério da Saúde do Dubai tinha autorizado a transferência da criança para um hospital público, em Ajman, outro estado dos Emirados Árabes Unidos. No entanto, o casal entendeu que a unidade não reunia as condições para receber a bebé e manteve o internamento no hospital privado.

"Ficámos a saber que os serviços de neonatologia são insuficientes, com falta de enfermeiros, sem experiência em bébés como a Gui. Sem cirurgião, onde ela teria que ser transferida para outro hospital num outro emirado, cada vez que ela precisasse de uma cirurgia", escreveu Eugénia Queiroz no Facebook, acrescentando que "os custos são praticamente os mesmos: uma média de 5500 euros diários em ambos os hospitais".

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