Jornalista português Carlos Castro encontrado morto em quarto de hotel em Nova Iorque

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Foto: PÚBLICO/arquivo

O jornalista e cronista social Carlos Castro, 65 anos, foi encontrado morto esta madrugada num quarto do hotel Intercontinental, Nova Iorque. A polícia já prendeu um suspeito de homicídio.

Carlos Castro deu entrada no hotel a 29 de Dezembro, acompanhado pelo modelo português Renato Seabra, de 20 anos.

Segundo Luís Pires, amigo de Carlos Castro e jornalista ex-correspondente da SIC nos Estados Unidos, ambos foram passar o fim-de-ano a Nova Iorque e aproveitaram para assistir algumas peças de teatro. Neste momento, o modelo - um dos doze finalistas do programa da SIC "À Procura do Sonho Face Model Of The Year", que terminou em Setembro passado - é o principal suspeito do homicídio cometido no 34º andar do hotel nova-iorquino.
Segundo o "Daily News", a polícia foi chamada ao hotel cerca das 19h00 (02h00 em Lisboa) tendo encontrado Carlos Castro inconsciente numa poça de sangue. O corpo estava deitado, virado para cima, numa poça de sangue, com traumatismos na cabeça, sem roupa e com os órgãos genitais mutilados. A estação de televisão nova-iorquina NY1 noticia que Carlos Castro foi declarado morto no local pelos paramédicos.

"Ouvíamo-los a discutir", contou Suzanne Divilly, de 40 anos, hospedada num quarto perto dos portugueses, citada por aquele jornal. "Não pensámos muito nisso porque não nos dizia respeito", acrescentou.

Poucas horas depois da chegada da polícia ao hotel, Renato Seabra foi encontrado no hospital Bellevue e detido. Ainda não é claro por que estaria o jovem modelo português naquela unidade hospitalar.

Segundo a polícia, citada pelo "New York Post", uma amiga de Carlos Castro estava consciente de que existia algum tipo de mal-estar entre os dois homens, especialmente visivel durante um almoço que os três tiveram ontem, o dia em que era suposto deixarem o hotel. Ainda segundo aquele jornal, a amiga do jornalista dirigiu-se ontem à tarde ao hotel porque não conseguia contactar Carlos Castro. Ao entrar no edifício encontrou Renato Seabra a sair e falaram por breves instantes, altura em que este lhe terá dito: "Ele já não vai sair hoje". A mulher e os funcionários do hotel entraram no quarto de ambos e foi então que encontraram o corpo do português.

Fonte policial citada pelo "New York Post" contou que um computador portátil manchado de sangue foi encontrado no quarto do hotel. Os detectives a trabalhar o caso estão a tentar perceber se esta foi a arma do crime. Além disso, também estão a analisar um bocado de vidro de uma garrafa de vinho que pode ter sido usado para mutilar o jornalista.

Luís Pires informou que "o taxista que levou Renato para o hospital também já foi encontrado e a polícia chegou mesmo a atrasar o voo da Continental para Lisboa (na noite de sexta-feira), antevendo uma possível fuga”. Luís Pires acredita que o motivo do assassínio foi provocado por ciúmes.

Jornalista dedicou vida à escrita e à organização de espectáculos

O jornalista e cronista social Carlos Castro dedicou a sua vida à realização de inúmeros espectáculos e à escrita, tendo uma das carteiras profissionais de jornalista mais antigas do país.

Nasceu a 5 de Outubro de 1945 em Moçamedes, Angola. Desde muito novo interessou-se pela leitura e cedo descobriu a sua vocação para a poesia.

Aos 15 anos partiu para Luanda, onde colaborou em diversos jornais, revistas e rádios.

Em 1973 venceu o festival de Luanda com o poema “Feitiço de Tinta”. Dois anos depois, chegou a Lisboa e nunca mais parou. Foi autor, realizador e intérprete de inúmeros espectáculos e tinha colaborações assíduas em várias publicações.

No dia que celebrou 65 anos de vida e 35 de carreira, o cronista social descreveu o seu percurso como “uma longa e feliz caminhada”. Na altura, fez um balanço positivo da sua vida e carreira: “Sou uma pessoa muito positiva e acho que não tenho de me queixar de nada, nem da minha vida. Tenho tido tudo aquilo que quero”.

Notícia actualizada às 10h31
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