Governo inaugura hospital que considera "mau exemplo de planeamento"

Grávidas já começaram a ser atendidas no Centro Materno-Infantil do Norte. Ex-secretário de Estado da Saúde critica actuais governantes.

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A nova unidade vai ser inaugurada pelo primeiro-ministro e pelo ministro da Saúde Adriano Miranda

O Centro Materno-infantil do Norte, uma unidade que o ministro da Saúde, Paulo Macedo, chegou a classificar como “um mau exemplo de planeamento”, vai ser inaugurado terça-feira, “sem que se tenham iniciado as obras de reabilitação do antigo edifício da Maternidade Júlio Dinis e do indispensável parque de estacionamento”.

A denúncia é feita pelo ex-secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro, responsável pela construção do centro, que vai contar com 45 valências de atendimento direccionadas para a mulher e a criança. Enquanto governante, Manuel Pizarro desbloqueou a construção da obra, que custou mais de 50 milhões de euros e que levou mais de duas décadas a ganhar forma.

A nova unidade vai ser inaugurada pelo primeiro-ministro e pelo ministro da Saúde “sem que no decurso de quase três anos de obr, o Governo tenha transferido um cêntimo para o Centro Hospitalar do Porto (Hospital de Santo António), causando graves problemas à gestão financeira desta unidade de saúde”, acusa. O também vereador da Câmara do Porto mostra-se satisfeito com a abertura da unidade, que “vai representar uma grande melhoria nas condições de atendimento das crianças e das mulheres do Porto e do Norte do país e, ao mesmo tempo, vai permitir optimizar os meios técnicos que já existem no centro hospitalar”.

O também presidente da concelhia do PS/Porto salienta que a “obra devia de estar pronta em todas as suas componentes em Setembro de 2013 e, apesar de todo o atraso, vai ser inaugurada sem que as obras de requalificação do edifício da maternidade que estavam previstas tenham começado e sem que tenha sido iniciada a construção do parque subterrâneo com 314 lugares”.

Pizarro acusa o “Governo de tentar fazer desta inauguração uma festa em pleno período de campanha eleitoral, quando fez tudo o que podia para atrasar ou até impedir o avanço da obra”. E puxa da ironia para criticar Paulo Macedo. O ex-secretário de Estado declara que a “hostilidade do actual Governo a esta obra foi de tal ordem que o próprio ministro da Saúde chegou a classificá-la como um mau exemplo de planeamento". Perante isto, "é caso para dizer que em vésperas de eleições o senhor ministro não se inibe de vir inaugurar uma obra mal planeada”.

Hoje, à entrada da Maternidade Júlio Dinis, vai ser descerrado um cartaz do PS onde se lê:” Centro Materno-Infantil: Este Governo não queria, mas o Porto venceu!”. O líder da concelhia socialista do PS/Porto entende que “em nome da saúde e da qualidade de vida das crianças e das mães, os cidadãos do Porto e do Norte devem exigir que a obra seja levada até ao fim”.

As primeiras grávidas já começaram a ser atendidas na nova unidade, que tem capacidade para realizar 4500 partos/ano. Até ao final deste mês abrem bloco de partos, serviço de neonatalogia e os internamentos de ginecologia e de obstetrícia, serviços que estão ainda a funcionar na Maternidade Júlio Dinis, a segunda maior país e que fica situada junto ao centro materno-infantil.

Mais atrasada está a transferência do serviço de Pediatria, que deverá ocorrer até finais de Junho. A administração da nova unidade de saúde materno-infantil garante que vai receber todas as mulheres e crianças de qualquer área de residência.

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