Equipas motivadas e universidade ajudam hospitais do interior a adquirir excelência

Dois hospitais do interior, Tondela-Viseu e Cova da Beira, conseguem ser os melhores do país no tratamento de algumas doenças específicas.

Há dois hospitais do interior do país entre os dez melhores no ranking nacional. Os centros hospitalares de Tondela-Viseu e o da Cova da Beira apresentam dados de excelência que são, para os respectivos responsáveis, justificados por existirem equipas bem preparadas e profissionais motivados que “fazem mais com menos”.

 

Equipas multidisciplinares e circuitos bem definidos na actuação em casos de urgência são duas das  razões para que o Centro Hospitalar Tondela-Viseu (CHTV) seja a primeira unidade do interior a estar entre os dez melhores hospitais do país. O estudo da Escola Nacional de Saúde Pública coloca o hospital em sétimo lugar. 

 

Uma avaliação que agrada ao presidente do Conselho de Administração do CHTV, apesar de Ermida Rebelo desvalorizar os rankings. A gestora sustenta tratar-se de uma posição “muito boa” atendendo à dimensão dos recursos humanos, materiais e técnicos. A mesma leitura é feita pela directora clínica do Centro Hospitalar Cova da Beira, cuja unidade aparece em oitavo lugar nesta tabela, que avalia o desempenho dos hospitais do país quanto ao internamento. É que, lembram, o “número de médicos é, talvez, um quarto ou menos dos profissionais que estão nos grandes hospitais de Lisboa ou Porto”.

O Centro Hospitalar Tondela-Viseu é o melhor, a nível nacional, a tratar doenças como as do foro ortopédico e degenerativas (musculoesqueléticas), neurológicas (que engloba o acidente vascular cerebral) e traumatismos onde se incluem as lesões por acidente. São patologias às quais estão afectos vários serviços, mas que encontram no Serviço de Urgência equipas multidisciplinares que actuam de imediato.

“Assumimo-nos como um verdadeiro hospital de agudos. Os nossos profissionais estão em constante formação, muito bem formados, com cursos avançados de trauma e temos os procedimentos bem definidos. Por exemplo nas fracturas do colo do fémur somos o hospital do país que maior número de intervenções faz logo na urgência. O doente quase que sai de lá a caminhar”, salienta Ermida Rebelo. O mesmo empenho, diz o presidente do Conselho de Administração, acontece com os utentes do foro neurológico.

“Estamos a falar de doenças em que o factor tempo é determinante e todos os mecanismos que começam na emergência pré-hospitalar são cruciais. A acção das equipas começa logo quando é accionada a VMER [Veículo Médico de Emergência Rápida] e no hospital as portas são de imediato franqueadas para receber o doente. Temos os procedimentos bem implementados com as vias verdes do AVC e Coronária. Com este procedimento minoramos também as sequelas do paciente”.

Para Ermida Rebelo, tudo funciona como se estivesse sempre a ser accionado um plano de catástrofe em que os “circuitos estão todos orientados” e o hospital preparado para o doente “não perder um segundo que seja”.

Apesar dos dados de excelência, o presidente do CHTV diz sofrer de “uma dor” que é a de não ver o seu hospital entre os melhores na área da cardiologia. “Posso dizer que, no que diz respeito a episódios de urgência, temos uma equipa do melhor que há no país. Está em alerta 24 horas em 365 dias”.

No ano anterior, o CHTV ficou colocado em quarto lugar no mesmo ranking elaborado pela Escola Nacional de Saúde Públíca. Estar agora em sétimo lugar não é, para Ermida Rebelo, sinónimo de falha na qualidade. Antes pelo contrário: “De uma forma global, não duvido de que todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde estejam com melhores desempenhos. Baixar no ranking não traduz diminuição de qualidade. Todos os profissionais têm noção de que estamos a fazer mais e melhor e com menos”.

A importância da universidade

O Centro Hospitalar Cova da Beira é o segundo do interior do país a estar classificado entre os melhores, ocupando o oitavo lugar. É também o melhor no tratamento de doenças dos órgãos genitais masculinos, nomeadamente no estudo e tratamento das disfunções sexuais. “Temos um serviço de urologia com actividade diferenciada e o facto de sermos um hospital universitário torna-nos numa unidade de excelência”, confirma a directora-clínica Rosa Maria Ballesteros.

A médica destaca o caminho que o centro hospitalar tem vindo a fazer, nomeadamente no seu relacionamento com a Universidade da Beira Interior (Faculdade de Medicina da Covilhã) no que respeita à investigação. “É este caminho percorrido que nos levou, há cerca de meio ano, a sermos distinguidos com o certificado internacional de Centro Médico Académico” em que, além da componente assistencial, o hospital congrega também a investigação e o ensino.

 

 
 
 

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