Dois terços das mulheres jornalistas são vítimas de violência, diz estudo
Relatório da Fundação Internacional para as Mulheres nos Media e do Instituto Internacional para a Segurança dos Media diz que esmagadora maioria dos casos acontece no local de trabalho.
Perto de dois terços das mulheres jornalistas inquiridas num estudo internacional foram vítimas de violência, desde insultos a ameaças de morte, muitas vezes pelos patrões e na maioria dos casos no local de trabalho.
O relatório, divulgado na terça-feira e elaborado pela Fundação Internacional para as Mulheres nos Media (Washington) e pelo Instituto Internacional para a Segurança dos Media (Londres), concluiu que mais de um quinto das inquiridas sofreu violência física relacionada com o trabalho que desempenha e quase 15% referiu ter sido alvo de violência sexual.
Segundo o documento, grande parte das ameaças ou abusos ocorreram no próprio local de trabalho e tiveram como autores patrões, superiores hierárquicos ou mesmo colegas, maioritariamente do sexo masculino. Dos actos de "intimidação, ameaça ou abuso" no local de trabalho mencionados pelas inquiridas, o "abuso de poder e autoridade" foi o mais frequente, seguindo-se a "intimidação verbal, escrita ou física" e a "tentativa de danificar a reputação e honra".
O assédio de cariz sexual foi relatado por quase metade das inquiridas, com a maioria dos actos a registarem-se no local de trabalho e no terreno. Por outro lado, o relatório assinala que a maioria dos episódios de assédio e violência não foi reportada, ainda que a maioria das mulheres que deles foram vítimas tenham admitido traumas psicológicos.
Os resultados do relatório Violência e assédio contra as mulheres nos órgãos de informação: uma imagem global baseiam-se em cerca de mil entrevistas a jornalistas do sexo feminino de diferentes órgãos de comunicação em todo o mundo. O relatório analisou as medidas de prevenção, protecção e preparação existentes nos órgãos de informação, concluindo que menos de um terço adoptou medidas de protecção pessoal e que apenas um quinto fornece formação ou outros recursos nesse sentido.