Depósito de carro a GPL não explodiu após choques em cadeia na A25 em Sever do Vouga

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Continuam internados sete feridos do acidente na A25 Foto: Paulo Ricca

Duas mulheres carbonizadas serão mãe e filha e terão morrido na sequência de lesões do acidente e não devido ao incêndio.

O depósito do carro a GPL (gás de petróleo liquefeito) não explodiu nos choques em cadeia ocorridos na passada segunda-feira na A25, em Sever do Vouga, e ainda não é possível determinar o que esteve na origem do incêndio após a colisão das viaturas que seguiam no sentido Aveiro-Viseu. A autópsia das duas vítimas mortais que seguiam no carro e ficaram carbonizadas aponta para que as duas mulheres, mãe e filha, tenham morrido na sequência das lesões sofridas no acidente e não por causa do fogo. Neste momento, o Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes de Viação de Aveiro, que está a investigar os dois acidentes na A25, já está a inspeccionar os veículos para detectar eventuais falhas mecânicas nas viaturas.

O capitão Vasco Dias da GNR de Aveiro explicou ao PÚBLICO que neste momento os militares estão a investigar separadamente os dois acidentes, ocorridos com poucos minutos de diferença, em sentidos contrários da A25, com uma distância de 600 metros entre si. Não está afastada a hipótese do carro a GPL, onde seguiam quatro pessoas, ter estado na origem do incêndio, que deflagrou após o primeiro acidente, pouco depois das 16h00, no sentido Aveiro-Viseu. "Neste momento só sabemos que o depósito de gás não explodiu, mas vai ser realizada uma inspecção técnica para avaliar se as válvulas de retenção funcionaram ou se é possível que tenha havido uma fuga que tenha dado origem ao incêndio", adiantou.

Ontem os militares já tinham inspeccionado vários veículos acidentados (num total de 53 viaturas, que incluem cinco pesados, segundo dados da GNR) para detectar eventuais falhas mecânicas. Passageiros, condutores e outras testemunhas começarão a ser ouvidas em breve. "As testemunhas poderão dar-nos muitas informações sobre o que aconteceu", sublinha Vasco Dias, que acredita que desta forma se poderá perceber onde começou o incêndio. Mas a prova será completada com os relatórios técnicos e os médico-legais.

Ontem familiares das duas vítimas que ficaram carbonizadas estiveram no Gabinete Médico-Legal de Aveiro a observar objectos pessoais das duas mulheres. Tudo indica que sejam avó e tia do condutor, um jovem de 20 anos que ficou com ferimentos ligeiros e teve alta do Hospital São Teotónio, em Viseu, logo na terça-feira. "Foi colhida uma amostra biológica a um dos alegados familiares das senhoras que vai ser analisada no Laboratório de Genética Forense, onde será comparada com o perfil de ADN das vítimas mortais. Na sexta-feira teremos a certeza", explicou o presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal, Duarte Nuno Vieira.

A irmã do condutor, uma jovem de 19 anos, continua internada no Santa Maria, em Lisboa, com cerca de 25 por cento do corpo queimado. "A doente está estável, mas com um prognóstico reservado", resume Pinto da Costa, porta-voz do hospital. A jovem está em coma induzido e ventilada, mas não apresenta lesões respiratórias nem oculares. Só anteontem à tarde é que a família a encontrou, após o irmão ter tido alta e não ter encontrado ninguém em casa. Então terão percebido que a avó, que os criou após a morte da mãe, e a tia seriam as vítimas mortais ainda não identificadas.

Nos Hospitais da Universidade de Coimbra continuavam ontem internados três feridos. O mais grave era um homem na casa dos 40 anos que se mantém nos cuidados intensivos com um "prognóstico reservado", disse a assessora de imprensa, Salomé Marques. Os outros dois doentes, duas mulheres, uma de 39 e outra de 66 anos, estão internadas no Serviço de Neurocirurgia, com uma evolução favorável. No Hospital Pediátrico de Coimbra mantém-se nos cuidados intensivos uma criança, de cinco anos, mas a "recuperar bem". Em Viseu, permaneciam duas pessoas internadas, mas sem inspirar cuidados.

Recorde de acidentes

A passada segunda-feira, o primeiro dia de chuva após uma longa temporada de tempo quente, foi um dia recorde a nível de acidentes de viação, com 417 ocorrências na zona da GNR e 210 na da PSP, num total de 627 acidentes. O aumento foi mais visível na área da GNR, que supervisiona as principais vias do país, onde a média diária em Agosto é de 250 acidentes. Para o capitão Vasco Dias, da GNR, o problema está no comportamento dos condutores: "As pessoas mantêm a mesma velocidade, independentemente de o piso estar seco ou molhado, ou de haver condições de visibilidade."

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