Congresso "Portugal 2005. Que crianças? Que famílias?" arranca hoje

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O médico Mário Cordeiro defende a criação da figura de provedor da criança Sérgio Azenha/PÚBLICO

O que significa, hoje, ser filho único? E ser avô? Como lidar com um processo de divórcio? Como gerir uma família numerosa? Estas e outras questões vão ser esmiuçadas por um grande número de especialistas portugueses e estrangeiros, durante o congresso Portugal 2005. Que crianças? Que famílias?, que hoje começa no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

Pediatrias, sociólogos, geneticistas e educadores vão juntar-se até quarta-feira para abordar, "de uma forma transversal", várias questões "que influenciam a vida das crianças", explica Mário Cordeiro, organizador do congresso, pediatra e professor de Saúde Pública.

Cordeiro lembra que muita coisa mudou nas últimas décadas. As avós, por exemplo, actualmente são mulheres que trabalham e muitas nem sequer deram de mamar. E, quanto ao filho único, é preciso ver se ainda se aplica aquela ideia da criança egoísta que se senta em cima dos seus brinquedos para não ter de os emprestar.

A reflexão não poderia ser mais oportuna: as transformações ocorridas nas últimas décadas, como o decréscimo da natalidade e as mudanças no conceito tradicional da família, devem ser levadas em conta na definição de novas políticas em Portugal, país onde escasseiam as medidas de apoio à família, nota o pediatra.

Mais do que a existência de um ministério para a família e para criança, Cordeiro defende a criação da figura de provedor da criança, "que faça a coordenação entre os diversos ministérios, como existe nos países nórdicos". A proposta nem sequer é nova, chegou a colocar-se em 1995, mas, na altura, não avançou, lembra.

O congresso conta com a participação de especialistas estrangeiros, como Aidan MacFarlane, presidente da Sociedade Europeia de Pediatria Social, e Nick Spencer, consultor do Governo britânico e especialista no impacte da pobreza e das desigualdades na saúde. E Lennart Kohler, da Suécia, consultor da ONU e do Banco Mundial para os assuntos infantis e juvenis, vai falar dos desafios que hoje se colocam à criança na Europa.

O congresso tem ainda uma componente cultural: uma exposição de quadros sobre crianças, uma peça de teatro sobre abuso sexual intitulada Ouço os passos dele no corredor, e um espectáculo com uma grande orquestra de câmara, coro e guitarra clássica. Este último é gratuito para os participantes.

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