Congo anuncia fim da epidemia de ébola no país

Países do G20 comprometeram-se neste sábado a "erradicar" o surto, depois de terem surgido quatro novos casos no Mali, que resultaram em três mortes.

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No Mali, a situação começa a preocupar as autoridades nacionais e estrangeiras REUTERS/Joe Penney

As autoridades de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, anunciaram neste sábado o fim da epidemia do ébola, que tinha sido declarada oficialmente a 24 de Agosto numa zona isolada daquele país africano, onde morreram 49 pessoas com a doença.

Numa conferência de imprensa, o ministro da Saúde congolês, Félix Kabange Numbi, afirmou que o país concluiu a formação de 180 pessoas, especializadas na luta contra o ébola. Este grupo está “pronto para intervir na Guiné-Conacri, na Serra Leoa, na Libéria e no Mali”.

No entanto, “o fim da epidemia (…) não significa que o perigo está totalmente ultrapassado”, uma vez que o Congo "continua, como todos os outros países do mundo, sob a ameaça de casos de importação da doença do vírus do ébola, sobretudo a partir do Oeste de África”, declarou Kabange, citado pela AFP.

O anúncio sobre o fim da epidemia surge 42 dias depois de ter sido registado o último doente com o vírus da febre hemorrágica, a 4 de Outubro, e menos de três meses depois do reconhecimento do surto pelas autoridades. O vírus tem um período de incubação de 21 dias. "Peço a todos os congoleses que mantenham todas as medidas de higiene básica", apelou o ministro.

Apesar de controlado no Congo, o vírus continua a matar no Mali, o país mais recentemente afectado pela epidemia no oeste de África. O primeiro caso foi o de uma menina de dois anos, que morreu a 24 de Setembro. Desde então registaram-se mais três mortes e há mais um caso confirmado de febre hemorrágica, ainda em tratamento. Estes quatro últimos casos estão directamente relacionados com um doente vindo na Guiné, que morreu em Outubro, em Bamako, na região de Kayes (oeste), infectado com o vírus.

Segundo um comunicado oficial citado pela AFP emitido na sexta-feira, mais de 250 pessoas estão sob vigilância no país, por terem tido contacto directo ou indirecto com casos de ébola.

França reforça dispositivo de combate ao vírus
"A situação no Mali é inquietante", disse a secretária de Estado do Desenvolvimento francesa, Annick Girardin, numa visita oficial à Guiné, na sexta-feira. Embora não estivesse previsto no programa da visita, a governante decidiu deslocar-se neste sábado a Bamako para se reunir com as autoridades do Mali, com o objectivo de inverter o progresso do surto.

Em França, as autoridades decidiram reforçar o dispositivo de combate ao vírus, estendendo aos passageiros provenientes do Mali os procedimentos de controlo sanitário já em vigor para os passageiros de voos directos com origem na Guiné, desde Outubro.

"Como parte da luta contra o ébola, e tendo em conta a evolução da situação epidemiológica, o controlo e a monitorização dos passageiros serão estendidos aos voos provenientes de Bamako (Mali), a partir de sábado, 15 de Novembro de 2014", anunciou o ministério da Saúde francês, num comunicado citado pela AFP.  Os testes serão realizados pelos serviços médicos dos aeroportos Charles de Gaulle e Paris Orly, na capital.

O ministério dos Negócios Estrangeiros francês apelou aos cidadãos que evitem viagens para Bamako, a menos que tenham uma razão "imperativa". "Para os nacionais no local, recomenda-se que cumpram as orientações de saúde emitidas pelas autoridades do Mali", acrescentou.

De acordo com o mais recente relatório divulgado na sexta-feira pela Organização Mundial de Saúde, a epidemia já causou 5177 mortos, a maioria na Libéria, Serra Leoa e Guiné Conacri. Até ao momento foram infectadas 14.413 pessoas, em oito países.

Reunidos na Austrália durante este fim-de-semana, os países mais ricos do mundo, que constituem o G20, prometeram reforçar o combate ao surto. Os governantes decidiram "comprometer-se a fazer o que for preciso para erradicar a epidemia e a assumir as consequências económicas e humanitárias no médio prazo", lê-se num comunicado divulgado no primeiro dia da cimeira, citado pela AFP. No entanto, o texto não revela qualquer compromisso financeiro, dizendo apenas que o G20 irá "trabalhar através da cooperação bilateral, regional e multilateral, e em colaboração com os actores não governamentais".

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