Cartas ao director

Discordância com a indignação

Quero manifestar a minha discordância com a carta do vosso leitor Jorge Manuel Rocha, do Monte da Caparica, de terça-feira. De facto, se há expectativa que alimento em ser de novo subscriptor do PÚBLICO, jornal que acompanhava desde o seu início, é que continue a ser bem escrito mas sem estar cativo dos amigos e das fracções que enformavam a linha editorial da anterior equipa de Direcção.

Qualquer facto tem duas faces e espero que o PÚBLICO, à boa maneira anglo-saxónica, nos volte a informar, sem complexos, sobre essas diferentes perspectivas. O leitor que decida então, pela sua cabeça, qual a sua opinião.

José Oliveira Gonçalves, Lisboa

 

Trabalho precário ou…

…temporário ou sazonal ou tarefeiro é um contrato de prestação de serviços que existiu e existirá sempre. Podemos incluir nesta área, por exemplo, os nadadores-salvadores, vigilantes de campos de férias, apoios a eventos desportivos. E também em certas indústrias como fábricas de refrigerantes ou cervejeiras que durante a época de Verão precisam de um reforço de mão-de-obra em certas tarefas. Estas oportunidades são aproveitadas principalmente por estudantes ou trabalhadores agrícolas que têm desocupação coincidentes com a procura das actividades sazonais.

Durante muitos anos havia honra por parte das empresas de publicarem os seus quadros de pessoal e os trabalhadores tinham orgulho no nome da empresa onde trabalhavam. Entretanto apareceu a possibilidade dos empregadores fazerem contratos assim-assim, recibos verdes etc. e estas atitudes desregularam a estabilidade mínima que uma sociedade precisa para progredir.

As empresas não podem e não devem mascarar o trabalho da mão-de-obra que suporta a actividade regular ao longo dos anos com contratos precários criando um mundo sem perspectivas e cortando os sonhos dos jovens se manterem no nosso País e constituírem família. 

Maria Clotilde Moreira, Algés

 

Os banqueiros e os tubarões

É preciso não perceber a natureza humana para se comparar (como faz João Miguel Tavares, no Público de 22 de Outubro, a propósito da CGD) a carteira recheada do banqueiro com a barriga cheia do tubarão! 

O tubarão tem a homeostase, mecanismo que regula, entre outros equilíbrios, o do apetite e da saciedade. A carteira do banqueiro não tem qualquer mecanismo de feedback que lhe ponha limite à sede de dinheiro; pelo contrário, tem um mecanismo de feedback negativo. Se pode ganhar 100, não se contenta com 50, se pode alcançar os 200, não se fica pelos 100 e por aí adiante! E não é só o banqueiro!

É isso o que nos ensina a história. Basta olharmos para os resultados obscenos do "trabalho" de ministros, deputados, presidentes, administradores e outros actores obscenamente remunerados por serem supostamente muito competentes e honestos: - nações com dívidas impagáveis, bancos falidos, partidos em situação financeira complexa e clubes com as contas desiquilibradas! 

José Madureira, Porto

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