O bispo de Viseu, Ilídio Leandro, lançou um apelo aos padres da diocese para que entreguem parte do seu subsídio de Natal ao fundo de solidariedade diocesano para responder à "crescente procura de famílias em dificuldades".

O prelado explicou hoje à agência Lusa que o apelo que fez, na mensagem do Advento, tem origem no "rápido decréscimo" das verbas disponíveis no fundo de solidariedade diocesano, criado para ajudar os mais necessitados.

"Fiz este apelo para que seja possível, de forma rápida e antes que seja encontrada outra forma de financiar o fundo de solidariedade diocesano, dotar este instrumento de meios financeiros que permitam dar resposta às crescentes necessidades e crescente número de pessoas que o procuram perante as dificuldades que atravessam devido ao desemprego e outras consequências da crise", apontou o bispo de Viseu.

Ilídio Leandro sinalizou ainda a quadra natalícia como um factor importante para ter feito este "pedido de mais um sacrifício aos padres", no qual também ele se inclui, defendendo que se todos os momentos são importantes, esta quadra assume especial importância para que os "mais pequenos" possam ter "o seu Natal".

O bispo admitiu ter "um contacto estreito" com as crescentes dificuldades das pessoas, porque "muitas vezes" a ele se dirigem antes de procurarem o fundo de solidariedade diocesano, mas também "no trabalho diário" um pouco por toda a diocese.

"É certo que também o clero está sujeito aos cortes decretados pelo governo, mas estou confiante que vamos saber responder e aceitar este novo esforço em nome dos que menos têm", apontou.

Convicto de que as necessidades vão crescer, Ilídio Leandro adiantou à Lusa que vai avançar com uma iniciativa que permita recolher mais verbas, através de doações de particulares e instituições, e fazer crescer este fundo de solidariedade da diocese de Viseu.

O montante recolhido das doações dos sacerdotes e de "todos os cristãos" é para ser entregue ao Secretariado Diocesano da Pastoral Social que, via Cáritas Diocesana, o fará chegar aos mais necessitados.

Em várias dioceses do país, os padres recebem um salário igual, a partir das verbas recolhidas através de um fundo comum. Nesses casos, e também nas situações em que os membros do clero dão aulas ou desempenham outras tarefas além do seu múnus, os padres recebem também, 14 meses de salário, o que significa que também estão sujeitos ao imposto extraordinário decretado pelo Governo para este ano.