Ar condicionado avariado nas urgências do Hospital de S. José

Aparelho não resistiu ao calor e não há em stock em Portugal a peça que é preciso substituir. Hospital activou plano de contingência e diz que está tudo controlado, com os doentes do Serviço de Observações a serem transferidos para o claustro da unidade.

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Claustros do Hospital de São José para onde foram levados alguns doentes DR
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Pelas urgências do Hospital de São José passam em média cerca de 450 pessoas por dia Enric Vives-Rubio

O ar condicionado das urgências do Hospital de S. José, em Lisboa, está avariado desde sexta-feira, segundo informações obtidas pelo PÚBLICO e confirmadas pela presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central, Teresa Sustelo.

Segundo explicou ao PÚBLICO Teresa Sustelo, o aparelho já tem bastantes anos e, por isso, a sua capacidade de resposta em alturas como esta, em que há uma grande subida da temperatura, já não é a mesma. Durante a semana a potência do aparelho foi aumentada à medida que fazia mais calor e começaram alguns problemas que a equipa de manutenção conseguiu resolver. “Na sexta-feira avariou uma peça do ar condicionado que é preciso substituir e que o fornecedor não tem em stock, pelo que antes de segunda-feira não vamos conseguir resolver o problema”, adiantou a administradora.

Ainda assim, Teresa Sustelo garantiu que “situação está controlada” e que o hospital activou o plano de contingência que tem preparado para estas alturas, que passou por transferir os doentes que estavam no Serviço de Observações para o claustro do hospital, “uma zona que é sempre mais fresca” e onde os aparelhos estão a funcionar. A falta do ar condicionado é, segundo a presidente do conselho de administração, sobretudo sentida na zona do Serviço de Observações, mais do que na sala de espera ou na triagem, já que ali existem muitas máquinas. Os doentes que passam para a zona de internamento também deixam de ter qualquer problema.

Questionada sobre a informação de que alguns utentes que se tinham inscrito nas urgências foram embora enquanto esperavam devido ao calor, a administradora diz não ter ainda conhecimento disso. E recordou que o sistema de triagem de Manchester que existe nas urgências funciona de forma célere e organiza os doentes segundo a prioridade clínica de atendimento.

A anomalia levou, ainda, a um sobreaquecimento que avariou o aparelho de raio X, mas Teresa Sustelo disse que estão a utilizar a máquina do Serviço de Imagiologia sempre que necessário. Questionada sobre a possibilidade de transferir e encaminhar utentes para outras urgências, como a do Hospital de Santa Maria, também em Lisboa, assegurou que “por agora não há qualquer necessidade já que os planos de contingência do hospital prevêem estas situações”, que por os aparelhos já não serem novos acabam por ser um “clássico” em alturas em que há uma grande subida da temperatura e em que o calor persiste por vários dias.

Pelas urgências do Hospital de São José, que pertence ao Centro Hospitalar de Lisboa Central, passam em média cerca de 450 pessoas por dia.

Autoridades alertam para calor para prevenir mortalidade

A avaria acontece precisamente depois de na sexta-feira as autoridades ambientais e de saúde terem alertado, numa conferência de imprensa, para as “condições meteorológicas preocupantes” e de terem apelado aos cidadãos para que tomem medidas de prevenção, de modo a evitar um excesso de mortalidade equivalente ao da onda de calor de 2003.

Segundo o presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Miguel Miranda, as temperaturas estão a aproximar-se dos máximos históricos na generalidade do país. A previsão do IPMA aponta para uma máxima de 42 graus Celsius em Lisboa no sábado – equivalente ao recorde histórico, registado no Verão de 2003. “Não quer dizer que nalguma zona da cidade este valor não seja ultrapassado significativamente”, ressalvou Miguel Miranda, explicando que nas zonas urbanas as variações podem ser de até três graus Celsius.

Na mesma conferência de imprensa, o director-geral da Saúde, Francisco George, referiu que o país está sob “previsões meteorológicas preocupantes” e pediu à comunicação social que divulgasse dez recomendações de prevenção contra o calor. As principais são beber muita água mesmo sem ter sede e ficar em casa ou em recintos com zonas frescas, resguardadas do sol, mesmo durante a noite. O calor excessivo pode ser especialmente perigoso para crianças, grávidas, idosos e doentes crónicos, que devem ser acompanhados de perto.

Neste momento regista-se já uma maior procura das urgências e centros de saúde e a previsão para os próximos dias é de que o calor possa causar efeitos mais graves, se não forem tomadas medidas de prevenção. Sem tais medidas, os indicadores disponíveis apontam para a possibilidade de um excesso de óbitos semelhante ao do Verão de 2003, quando morreram cerca de 2000 pessoas em Portugal, sobretudo idosos. Depois de 2003, o Ministério da Saúde elaborou um plano de contingência para o calor, que tem sido revisto e actualizado ano a ano.

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